
Brasília (DF) - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou, nessa terça-feira (20), o pedido da defesa de Jair Bolsonaro (PL) para que o ex-presidente fosse dispensado de comparecer ao interrogatório da Polícia Federal (PF). O interrogatório, que deve acontecer nesta quinta-feira (22), busca investigar a formação de uma organização criminosa do ex-presidente e seus aliados que tentava aplicar um golpe de Estado.
“A defesa tem conhecimento da SV [Súmula Vinculante] do STF e da jurisprudência pacificada em relação à colaboração premiada, porém insiste nos mesmos argumentos já rejeitados em decisão anterior, onde ficou absolutamente claro que o investigado teve acesso integral a todas as diligências efetivadas e provas juntadas aos autos e que não há motivos para qualquer adiamento do depoimento marcado pela Polícia Federal para o dia 22 de fevereiro próximo”, afirmou Moraes na ocasião.
O ministro já havia negado um adiamento do interrogatório nessa segunda-feira (19), também requisitado pela defesa do ex-presidente. A alegação era de que os advogados de Bolsonaro não tinham tido acesso integral ao processo. Na ocasião, Moraes negou a obstrução dos autos sobre o caso.
Bolsonaro e seus aliados são alvos na Operação Tempus Veritatis, deflagrada há cerca de duas semanas pela PF. Durante as investigações, a corporação apreendeu o passaporte do ex-presidente e proibiu o contato de Bolsonaro com outros alvos da operação.
Segundo a PF, o grupo formado por aliados do ex-presidente é suspeito de tentar estabelecer estado de sítio no Brasil, em que haveria a suspenção do Poder Legislativo e Judiciário, e de tentar aplicar um golpe de Estado para manter Bolsonaro na presidência.
Reunião gravada
Moraes levantou no dia 9 de fevereiro o sigilo de uma reunião ministerial realizada pelo ex-presidentes, aliados e integrantes de seu antigo governo em 5 de julho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro pressionou ministros a espalharem fake news sobre o sistema eleitoral além de elaborar planos para executar golpe de Estado em conjunto com as Forças Armadas.
No vídeo, o então chefe da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, chega a afirmar que estava mantinha reuniões frequentes com comandantes militares para ver quais ações poderiam adotar para garantir a reeleição de Bolsonaro.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional no período, general Augusto Heleno, ainda afirma, na gravação, que conversou com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para, segundo a PF, infiltrar agentes nas campanhas eleitorais.
A retirada do sigilo aconteceu após o jornal O Globo revelar o conteúdo do vídeo
Confira o vídeo completo da reunião:
Fonte: Agência Brasil