O influenciador Henrique Lopes, criador de conteúdo e ativista digital, repercutiu a matéria publicada no Portal Piauí Hoje, sobre a prefeita bolsonarista que cancelou o Carnaval em Zé Doca, no Maranhão, e anunciou um festival gospel no lugar. Com cerca de 43,7 mil seguidores no Instagram, Henrique Lopes é estudante do mestrado em Mudança Social e Participação Política pela Universidade de São Paulo (USP).
"O problema não é a festa ser gospel ou terem cancelado o Carnaval. O problema é que você fazendo uma festa gospel, você está privilegiando uma religião em detrimento de todas as outras. Além de que não podemos esquecer que o Carnaval é uma festa popular, tradicional", destaca o influenciador.
"No momento em que você cria uma festa com identidade religiosa, aí você gera novos problemas. Queremos saber se a prefeita também vai organizar um festival de música católica, um festival de música da umbanda, um festival de música do candomblé, todas as outras religiões", diz Henrique Lopes.
"O Estado não tem religião. Aqui na Constituição Brasileira diz que o Estado não deve ter religião, e esse tipo de comportamento de gestores que representam o Estado, de certa forma,no caso uma prefeita de um município do Maranhão, teve apoio inclusive de um deputado estadual do PL para poder fazer toda essa festa gospel. É um absurdo que a gente está tendo uma festa religiosa patrocinada pelo poder público", declara o influenciador.
Segundo Henrique Lopes, esse tipo de atitude é uma estratégia da extrema direita do Brasil. "Eles incluem a religião em tudo que é possível, a religião deles mesmos em detrimento de todas as outras, e depois quando há reclamação eles apontam o dedo dizendo que foi intolerância", disse.
Entenda o caso
A prefeita bolsonarista Flavinha Cunha (PL) cancelou a tradicional festa de carnaval, que duraria quatro dias, e anunciou em suas redes sociais que, no lugar, será realizado o "Primeiro Festival Gospel da região". A decisão foi anunciada em parceria com o deputado estadual Josimar de Maranhãozinho (PL). O "Adora Zé Doca" acontecerá de 1º a 4 de março.
A postagem da prefeita gerou quase 600 comentários, muitos deles críticos, principalmente pela troca do carnaval, uma festa popular, por um evento religioso patrocinado pelo poder público. Dois dias depois do anúncio, a Prefeitura de Zé Doca publicou outro vídeo informando que serão realizadas algumas prévias carnavalescas nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, em formato de "carnaval fora de época".
Assista o vídeo: