
Após a derrota nas eleições presidenciais de 2022, a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentou mais de R$ 1 milhão nos Estados Unidos. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e registros do governo do Texas apontam que Bolsonaro e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), realizaram transferências para contas bancárias e empresas no país norte-americano nos meses seguintes ao pleito.
Três dias antes de embarcar para Orlando, na Flórida, em 31 de dezembro de 2022, Jair Bolsonaro transferiu R$ 800 mil para uma conta nos EUA. A movimentação consta em um relatório do Coaf enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas do Congresso Nacional em julho de 2023. Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro viajou ao exterior para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Em fevereiro deste ano, o ex-presidente confirmou a transação em um vídeo divulgado nas redes sociais. "A imprensa vem noticiando que, segundo a Polícia Federal, eu enviei em dezembro de 2022 para os Estados Unidos R$ 800 mil à espera de um golpe. Enviei, sim, da minha poupança do Banco do Brasil para o Banco do Brasil América, ou seja, continuou em banco brasileiro", declarou.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, movimentou cerca de R$ 800 mil (o equivalente a US$ 140 mil na cotação atual) nos Estados Unidos. Em julho de 2023, a empresa Braz Global Holding, da qual o parlamentar era sócio, assinou um contrato com a VentureXSpannsion LLC para aquisição de lotes na cidade de Fort Worth, no Texas. O documento foi registrado em fevereiro deste ano, dois meses antes do encerramento da empresa.
A Braz Global Holding foi criada em janeiro de 2023 e tinha como sócios, além de Eduardo Bolsonaro, o empresário Paulo Generoso e o ex-secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura André Porciúncula. No mesmo endereço da holding, foram registradas outras duas empresas ligadas ao grupo: a Liber Group Brasil e o Instituto Liberdade, ambas sem descrição clara das atividades nos registros oficiais.
Questionado sobre os negócios da holding, Eduardo Bolsonaro se limitou a responder, em maio do ano passado: "Se vocês são bons repórteres investigativos, vocês vão lá, investiguem e façam."
Outro integrante da família, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir R$ 287,5 mil em contas nos EUA. Desse total, R$ 176,3 mil estavam no Bank Revolut, e R$ 111,2 mil, no Truist Bank USA. Não há informações sobre a data de abertura dessas contas.
As movimentações financeiras da família Bolsonaro seguem sob investigação da Polícia Federal. A apuração busca esclarecer a origem dos recursos e os objetivos das transações realizadas após as eleições de 2022.
Fonte: A Pública