
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi chamado de “inimigo do Brasil” em editorial publicado pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (31). Segundo o jornal, o parlamentar estaria sabotando os interesses econômicos do país ao apoiar publicamente o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros.
A medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, aumenta em até 50% as tarifas sobre exportações do Brasil. A ação foi vista como uma retaliação direta ao avanço das investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, acusado de tentativa de golpe de Estado.
Deputado "ex-licenciado" e as tarifas
Desde março, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos fazendo articulações com aliados de Trump. De acordo com a Folha, ele tem pressionado o governo norte-americano a adotar medidas contra o Brasil como forma de forçar o Judiciário a recuar nas investigações.
Em entrevistas, o deputado chegou a dizer que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), poderiam sofrer sanções americanas caso não atuassem em favor de seu pai. As declarações provocaram forte reação no Congresso e foram classificadas como uma tentativa de intimidação e interferência estrangeira em assuntos internos do país.
O tarifaço imposto pelos EUA já preocupa diversos setores da economia brasileira. Segundo a Folha, cerca de 9.500 empresas exportam para o mercado norte-americano, e ao menos 30 setores dependem dessas vendas para até um quarto de seu faturamento externo.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 20,3 bilhões para os Estados Unidos. São Paulo, estado que elegeu Eduardo, será um dos mais prejudicados. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estima que o impacto das tarifas pode reduzir o PIB paulista entre 0,3% e 2,7%, com risco de até 120 mil empregos perdidos.
Apesar dos prejuízos econômicos, Eduardo Bolsonaro tem criticado governadores de direita, como os de São Paulo e Paraná, que buscam alternativas para proteger a economia local. Para ele, tentar reverter as tarifas seria um “erro político” e demonstraria falta de fidelidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A Folha argumenta que essa postura mostra que o deputado está colocando os interesses da família acima do bem do país.
Além da crise comercial, Eduardo também enfrenta investigações por suposta tentativa de obstrução da Justiça e uso do mandato para beneficiar o pai. Segundo o jornal, ao incentivar sanções externas contra o país e ameaçar autoridades brasileiras, Eduardo Bolsonaro se descola de sua função pública e se torna um agente de instabilidade institucional e econômica.
Fonte: Brasil 247