
Em meio à tensão crescente no Supremo Tribunal Federal (STF), um grupo de advogados que representa réus acusados de tentativa de golpe de Estado cogitou uma renúncia coletiva. A medida foi considerada após sucessivas derrotas judiciais e alegações de cerceamento de defesa, mas acabou sendo descartada.
A insatisfação dos defensores ganhou força nesta semana, quando solicitaram ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, o adiamento das oitivas previstas para começar em quatro dias. O argumento central foi a liberação tardia dos materiais da investigação: os documentos e mídias foram disponibilizados às defesas apenas na noite de quarta-feira (14), o que, segundo os advogados, inviabiliza uma análise adequada em tão curto prazo.
"O volume de documentos e mídias é tão extenso que precisaríamos de pelo menos 20 dias para uma análise completa", afirmaram os advogados em petição ao STF. Eles alegam que a falta de tempo compromete o direito à ampla defesa e ao contraditório.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes de sua gestão. As denúncias foram divididas em núcleos para facilitar a tramitação das ações. O julgamento do terceiro núcleo, composto por 12 militares, está marcado para os dias 20 e 21 de maio, após ter sido remarcado de 8 de abril.
Em resposta às alegações das defesas, o ministro Alexandre de Moraes reafirmou que não houve qualquer proibição de comunicação entre advogados ou restrição ao exercício da advocacia. Ele destacou que a proibição de contato entre os investigados visa resguardar a investigação, evitando a combinação de versões e influências indevidas.
Além disso, Moraes encaminhou à PGR as manifestações de defesa apresentadas pelos denunciados, que incluem pedidos de substituição do relator e questionamentos sobre a legalidade da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Fonte: Brasil 247