O delegado Abimael Silva, da Polícia Civil do Piauí, detalhou na manhã desta quarta-feira (8) as investigações sobre o caso de envenenamento em Parnaíba. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso hoje, principal suspeito do crime.
Segundo o delegado, Francisco deu mais de três versões sobre o que aconteceu no dia em que a família passou mal, razão pela qual ele se tornou o principal suspeito do crime.
Em seu depoimento, ele expressou aversão aos enteados, com quem ele não falava, em especial à Francisca Maria da Silva, de 33 anos, quarta vítima fatal do envenenamento, mãe de Igno Davi, que também morreu. Ainda, Francisca era mãe dos irmãos Ulisses Gabriel, de 8 anos, e João Miguel, de 7 anos, que morreram após comerem cajus envenenados em agosto de 2024.
"Ele não falava com nenhum dos enteados, e tinha um sentimento de ódio específico em relação à dona Francisca, mãe das crianças. Esse sentimento de ódio que ele tinha em relação a ela era tão grande, que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso", disse o delegado.
Francisco de Assis também tinha um baú, que ficava do lado do fogão trancado no cadeado, que ninguém além dele tinha acesso. "Era o único lugar da casa possível pra esconder uma coisa que ninguém saberia", disse o delegado.
No baú, a polícia encontrou várias revistas sobre nazismo e com ideias de Adolf Hitler.
O delegado Abimael Silva destacou que o suspeito chamou os filhos de Francisca de "primatas, que viviam como a tribo de índios, pessoas não higiênicas, pessoas que ele não queria conviver, mas suportava".
"Ele disse que ela [Francisca, mãe das crianças] era uma criatura quietamente boba, tola, matuta, morta de preguiça, 'não serve para nada, praticamente quase inútil, que passa o dia todo escutando músicas de apologia, músicas de mala'. Chegou a falar pra mãe dela: 'Essa tua filha não procura um homem que trabalhe, só procura vagabundo'", detalhou o delegado.
"Ele disse que ela era uma criatura de mente vazia, e disse que quando olhava pra Francisca ele sentia nojo e raiva dela", afirmou.
Segundo a polícia, foi levado em conta que Francisco era "o único com motivação pra esse crime tão raivoso, tão torpe, aliado às constantes contradições dele de contato com a panela, com o alimento".
Na coletiva, o delegado destacou que a investigação ainda está em andamento e pediu que a população não tente "fazer justiça com as próprias mãos". A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito, mesmo prazo da prisão temporária de Francisco.