Polícia

HISTÓRICO DE PRISÕES

O que levou à prisão quatro ex-presidentes do Brasil, de Collor a Bolsonaro

Cada caso tem suas próprias circunstâncias, envolvendo desde condenações por corrupção até prisões preventivas por descumprir regras da Justiça

Domingo - 23/11/2025 às 08:48



Foto: Bolsonaro é o quarto presidente do Brasil a ser preso
Bolsonaro é o quarto presidente do Brasil a ser preso

Desde a redemocratização do Brasil em 1985, quatro dos oito ex-presidentes do país foram presos: Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Cada caso tem suas próprias circunstâncias, envolvendo desde condenações por corrupção até prisões preventivas por descumprir regras da Justiça.

Fernando Collor foi preso em abril de 2025 após esgotar seus recursos no processo da Operação Lava Jato que o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que Collor recebeu R$ 20 milhões em propinas para facilitar contratos irregulares da BR Distribuidora com a UTC Engenharia. Ele foi sentenciado a oito anos e dez meses de prisão. Inicialmente encaminhado para um presídio em Maceió, ele teve o regime alterado para prisão domiciliar cinco dias depois, com uso de tornozeleira eletrônica, devido à sua idade avançada e problemas de saúde, como Parkinson.


Luiz Inácio Lula da Silva ficou preso por 580 dias, entre 2018 e 2019, na sede da Polícia Federal em Curitiba. Sua prisão ocorreu após ser condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nos casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, dentro da Operação Lava Jato. A Justiça entendeu que Lula recebeu vantagens indevidas de empreiteiras em troca de favorecimento em contratos da Petrobras. Em 2019, ele foi solto após uma decisão do STF que passou a proibir a execução da pena antes do trânsito em julgado, ou seja, antes do esgotamento de todos os recursos. Posteriormente, em 2021, o STF anulou as condenações, argumentando que o ex-presidente não foi julgado pelo juiz competente e que o então juiz Sérgio Moro não foi imparcial. Com a anulação, Lula recuperou seus direitos políticos e pôde disputar e vencer as eleições de 2022 .

Michel Temer foi preso preventivamente duas vezes em 2019, em investigações decorrentes da Lava Jato no Rio de Janeiro. As prisões, decretadas pelo então juiz federal Marcelo Bretas, foram relacionadas a um esquema de crimes de organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações para a construção da usina nuclear Angra 3. O Ministério Público Federal alegou que Temer integrava uma organização criminosa que desviava recursos das obras. Em ambas as vezes, Temer ficou poucos dias detido e foi solto mediante decisões de tribunais superiores. Ele nunca foi condenado definitivamente, e a denúncia que levou à sua prisão foi posteriormente anulada pela Justiça .

Jair Bolsonaro tornou-se o caso mais recente. Em setembro de 2025, ele foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por crimes como liderar organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e atentar contra o Estado Democrático de Direito, atuando para impedir a transição de poder após as eleições de 2022. Inicialmente, cumpria medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de usar redes sociais. No entanto, a prisão preventiva foi decretada em novembro de 2025 após a Polícia Federal relatar que Bolsonaro violou repetidamente essas medidas, inclusive ao mexer no equipamento de monitoramento e manter contatos proibidos com aliados. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, citou um "elevado risco de fuga" e a necessidade de garantir a ordem pública como motivos para a prisão, que está sendo cumprida em uma unidade da PF .

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