
O corretor e empresário Altair Ricardo Marques Coutinho, dono da R. Coutinho Imobiliária, foi liberado nessa quarta-feira (25), 24 horas após sua prisão, por decisão do juiz Ermano Chaves Portela Martins, da Justiça do Piauí. Ricardo havia sido preso em flagrante na terça-feira (24), acusado de aplicar golpes financeiros em clientes na compra e venda de imóveis. O prejuízo estimado é de R$ 3 milhões.
A decisão judicial atende a um pedido da defesa e acompanha o parecer do Ministério Público do Estado, que se manifestou a favor da liberdade provisória, mediante medidas cautelares alternativas. Entre os argumentos aceitos pelo juiz, estão o fato de Ricardo ser réu primário, sem antecedentes criminais, e de não haver histórico de medidas cautelares anteriores contra ele.
“Verifico que o suscitado é tecnicamente primário, não possuindo antecedentes criminais, o que demonstra a ausência de envolvimento anterior com a prática de infrações penais. Além disso, o autuado nunca esteve sujeito a medidas cautelares anteriores, o que reforça a possibilidade de que, neste momento, sejam suficientes e adequadas para resguardar a ordem pública”, apontou o magistrado.
A prisão de Ricardo foi efetuada após a Polícia Militar ser acionada via COPOM, encontrando diversas vítimas no local da abordagem. Ele foi encaminhado à Central de Flagrantes, e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Relatos das vítimas: contratos falsos, pagamentos não realizados e sumiços
A prisão do empresário ocorreu após uma série de denúncias de clientes lesados, que alegam prejuízos que já somam cerca de R$ 3 milhões. Segundo as vítimas, Ricardo Coutinho atuava como intermediador de negociações e utilizava contratos falsificados, promessas não cumpridas e recebimentos indevidos para aplicar os golpes.
O estudante Lorin Honda relata que negociava a venda do ágil de sua casa quando foi enganado por Ricardo. O corretor teria feito dois contratos com valores diferentes para as partes envolvidas, atrasado pagamentos e desaparecido após repassar apenas parte do valor acordado. “Fui lesado em mais de R$ 35 mil, e a outra parte também perdeu dinheiro”, contou Lorin.
Outro caso foi relatado por Rayane Oliveira, que disse ter pago R$ 16.500 via Pix para trocar de imóvel. Ela só descobriu que o novo contrato era falso, com assinaturas forjadas, ao tentar regularizar a documentação com a construtora. A casa que deveria ser dela já estava sendo ocupada por outra pessoa. “Percebi que era golpe no dia em que marquei uma reunião com ele, mas ele não apareceu. Estava preso”, afirmou.
As denúncias incluem ainda outros clientes próximos às vítimas iniciais, que também teriam sido enganados após indicações. Em vários dos relatos, os pagamentos eram feitos diretamente para contas pessoais de Ricardo.
O caso segue em investigação, e o CRECI-PI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Piauí) informou que acompanha o caso junto à Polícia Civil, podendo aplicar sanções administrativas após a apuração.
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