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PROJETO PILOTO

Hidrogel natural criado no Piauí vai combater desertificação em Gilbués

Produzido a partir do babaçu e do cajueiro, o gel piauiense mantém a umidade do solo por muito mais tempo, reduzindo a necessidade de irrigação e favorecendo o crescimento das plantas

Da Redação

Sexta - 18/07/2025 às 16:24



Foto: Maria Catiany Gilbués já perdeu mais de 7 mil km² para a desertificação. É o maior caso de degradação de solo do Brasil
Gilbués já perdeu mais de 7 mil km² para a desertificação. É o maior caso de degradação de solo do Brasil

Um hidrogel 100% natural, desenvolvido a partir de plantas como o babaçu e o cajueiro, começou a ser aplicado em Gilbués, município com a maior área degradada do país, e pode transformar a luta contra a desertificação no semiárido brasileiro. Criado no Piauí, o produto retém água no solo por mais tempo, permitindo o crescimento de mudas mesmo durante longos períodos de seca.

A tecnologia foi apresentada em um dia de campo que reuniu cerca de 45 alunos do 5º ano da Unidade Escolar Denilde Alencar. Cada criança plantou e batizou uma muda de espécie nativa ou frutífera, criando um vínculo afetivo com a recuperação ambiental. “Essa tecnologia é diferente de tudo que já foi usado no Brasil. Ela é natural, biodegradável e feita com matérias-primas do próprio Piauí. É uma solução científica e sustentável para recuperar solos que pareciam perdidos”, explica João Xavier, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (Fapepi), responsável pela iniciativa em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).

A ação integra um projeto piloto para recuperar 10 hectares de solo no Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Áreas Degradadas e Combate à Desertificação (Nuperade), que há quase 20 anos estuda formas de conter o avanço da degradação em Gilbués. “Começar esse trabalho com as crianças foi fundamental. Agora elas têm um vínculo afetivo com o solo e com o meio ambiente. É um jeito de plantar futuro também nas pessoas”, destacou Gustavo Carvalho, assessor da Semarh.

Diferente dos géis sintéticos derivados de petróleo, o hidrogel piauiense é produzido com polissacarídeos vegetais abundantes na região, como destaca Adriano Akira, diretor da Afert Biofertilizantes. “Nosso gel mantém a umidade do solo por muito mais tempo, reduz a necessidade de irrigação e favorece o crescimento das plantas mesmo nos períodos mais críticos de seca. E tudo isso sem agredir o meio ambiente.”

Para Edson Cavalcanti Filho, professor da UFPI e integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Polissacarídeos (INCT/CNPq), a inovação é um marco científico. “É uma solução biotecnológica criada no Piauí com potencial para recuperar áreas degradadas em todo o semiárido brasileiro”, avalia.

Localizado a quase 800 km ao sul de Teresina, Gilbués já perdeu mais de 7 mil km² para a desertificação, o maior caso de degradação de solo no Brasil. A expectativa é que o hidrogel piauiense sirva de modelo para outras regiões, unindo ciência, educação e engajamento social para mostrar que é possível fazer o verde voltar onde tudo parecia perdido.

Fonte: Secom/PI

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