Na próxima segunda-feira (26), a Força- Tarefa Popular vai apresentar os achados das duas semanas de atividades da "Marcha contra a Corrupção e pelo Clima", que já fiscalizou o uso de recursos públicos em obras de cinco municípios do Estado - União, Miguel Alves, Porto, Campo Largo do Piauí e Matias Olímpio - e, no sábado (24), chegará a São João do Arraial. Este ano, por causa da COP30 em Belém, a marcha direcionou seus esforços para a fiscalização de investimentos relacionados ao clima.
Na marcha, os ativistas se depararam com obras abandonadas, incluindo uma estação de tratamento de água, e outras com graves problemas estruturais; um lixão com significativo potencial impacto ambiental pela proximidade com o Rio Parnaíba; e não conseguiram encontrar a obra de uma UBS, apesar de recursos para o investimento terem sido autorizados.
Ao total, a marcha, que conta com o apoio da Transparência Internacional – Brasil, terá percorrido 150 km a pé. Em cada parada, os ativistas fiscalizam investimentos federais, estaduais e municipais; dialogam com autoridades locais e com a população sobre demandas não atendidas, transparência e a relação entre clima e corrupção.
“A maior parte dos investimentos que encontramos ou está parada ou apresenta sérios problemas. Isso é inaceitável diante das urgências que enfrentamos, tanto sociais quanto climáticas. Na audiência pública, vamos apresentar às autoridades a situação e iniciar diálogos para resolução dos problemas encontrados", afirma Arimateia Dantas, coordenador da Força-Tarefa Popular.
Na próxima segunda (26), às 16h, no município de São João do Arraial (PI), será realizada uma audiência pública que marca o encerramento da marcha. Foram convidados membros do Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado, CGU, CGE-PI e prefeitos de seis municípios da região. Nessa ocasião, será apresentado um relatório com os resultados das auditorias cívicas realizadas pela marcha, buscando a resolução dos problemas encontrados e contemplando os anseios da população dos municípios visitados.
“A marcha nasce da indignação e da esperança das pessoas que andam quilômetros para fiscalizar o que deveria ser básico: obras concluídas e serviços públicos funcionando. E o que vimos pelo caminho, muitas vezes, são recursos que não chegam a quem precisa, viram obras fantasmas, inacabadas ou são desviados. Nosso papel é garantir que a sociedade tenha as ferramentas e o espaço para fiscalizar e cobrar das autoridades”, diz Nicole Verillo, gerente de Apoio e Incidência Anticorrupção da Transparência Internacional - Brasil.
Por que unir o combate à corrupção à pauta climática?
Para a Transparência Internacional - Brasil, para ser efetivo, o enfrentamento à mudança climática precisa caminhar lado a lado com o combate à corrupção. Os impactos devastadores de eventos extremos, incluindo agravamento de secas, enchentes e incêndios florestais, e do colapso de ecossistemas têm origem no aumento de emissões de gases do efeito estufa, que é muitas vezes viabilizado por falhas sistêmicas de governança e integridade pública, como o enfraquecimento de políticas e órgãos ambientais e climáticos, a liberação irregular de licenças, fraudes em sistemas de registros que facilitam a grilagem de terras e influência indevida de interesses privados ligados a setores de alto impacto climático.
No nível local, mais do que focar apenas na mitigação das emissões, é essencial assegurar que as ações de adaptação climática — como obras de drenagem urbana, acesso ao saneamento básico, habitação em áreas seguras, fortalecimento da defesa civil e preparo dos sistemas públicos de saúde — sejam planejadas e executadas com transparência, participação da população e controle social efetivo.
“Para o enfrentamento das mudanças climáticas é essencial que as comunidades locais estejam informadas e engajadas na fiscalização de obras e políticas que impactam diretamente o meio ambiente e a qualidade de vida. A 'Marcha Contra a Corrupção e Pelo Clima' é uma plataforma de capacitação, engajamento e visibilidade para os cidadãos do Piauí e de outras regiões, promovendo participação social na defesa do clima e da transparência pública", diz Renato Morgado, gerente de Programas da Transparência Internacional – Brasil.
Fonte: Força tarefa popular
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