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CONCLAVE

Entenda como acontecem as "campanhas" para virar papa

Campanhas discretas, articulações prévias e estratégias influenciam votação na Capela Sistina

Da Redação

Quarta - 23/04/2025 às 09:28



Foto: Franco Origlia/Getty Images Missa final, Pro Eligendo Romano Pontifice, acontece na Basílica de São Pedro, antes de começar o Conclave para decidir quem será o próximo Papa, em 12 de março de 2013 na Cidade do Vaticano
Missa final, Pro Eligendo Romano Pontifice, acontece na Basílica de São Pedro, antes de começar o Conclave para decidir quem será o próximo Papa, em 12 de março de 2013 na Cidade do Vaticano

A eleição de um novo papa, conhecida como conclave, é resultado de um processo longo e reservado que pode começar anos antes da morte ou renúncia de um pontífice. Embora oficialmente guiada pela oração e pelo sigilo, a escolha do líder da Igreja Católica envolve articulações políticas e campanhas discretas entre cardeais de diferentes partes do mundo.

Antes mesmo de entrarem na Capela Sistina, muitos cardeais já são considerados “papáveis” — favoritos ao cargo. Outros nomes ganham força apenas após o início formal do processo. Os cardeais mais influentes, mesmo que não concorram diretamente, atuam como articuladores, reunindo apoios para determinados candidatos nas chamadas congregações gerais, que antecedem o conclave.

O caso do conclave de 2013, que elegeu o papa Francisco, é um exemplo. Segundo o arcebispo Piero Marini, as movimentações entre cardeais começaram ainda durante o adeus ao papa Bento XVI. Na época, nomes como o cardeal Angelo Scola, de Milão, surgiram com força, após anos de preparação. Scola, por exemplo, fundou em 2004 a rede Oasis, focada no diálogo entre cristãos e muçulmanos, aumentando sua projeção internacional.

Participar ativamente de sínodos, publicar artigos e manter uma agenda de encontros com colegas são formas utilizadas por candidatos para ganhar visibilidade. Dentro da Capela Sistina, os cardeais não podem se comunicar com o exterior, mas conversam informalmente nas refeições e intervalos, onde trocam impressões e ajustam estratégias.

Durante o conclave de 2005, uma reportagem da revista italiana Limes indicou que o então cardeal Joseph Ratzinger, eleito como Bento XVI, liderou todas as votações. No entanto, o cardeal Jorge Bergoglio também teve crescimento expressivo ao longo das rodadas de votação, com apoio de blocos latino-americanos, americanos e europeus moderados.

A frase popular no Vaticano diz que “quem entra papa no conclave sai cardeal”, sugerindo a imprevisibilidade da eleição. Porém, em alguns casos, como o de Eugenio Pacelli em 1939 — eleito como papa Pio XII —, a expectativa se confirmou. Ele foi eleito na terceira rodada, após quase vencer na segunda.

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