
O programa Bolsa Família, principal política de transferência de renda do Brasil, passou por transformações que o tornaram um verdadeiro "colchão de proteção social". Diferentemente do passado, quando famílias perdiam o benefício ao conseguir um emprego formal, hoje o programa garante uma transição segura para quem melhora de vida, sem o risco de retrocesso.
Em entrevista ao portal Piauí Hoje na quarta-feira (23.04), em Brasília, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, destacou que a nova regra permite que famílias permaneçam no programa mesmo com aumento de renda, desde que não ultrapassem o limite de R$ 706 per capita (linha que separa a pobreza da baixa renda).
"Antes, assinar a carteira de trabalho ou regularizar um CNPJ significava perder o benefício. Agora, o objetivo é justamente o contrário: queremos que as pessoas ascendam sem medo", afirmou o ministro.
Como funciona a nova regra de proteção?
1. Renda calculada por pessoa:
- Uma família de seis pessoas, por exemplo, pode ter um membro ganhando um salário mínimo (R$ 1.200 líquidos). Dividido por seis, a renda per capita é de R$ 200 — abaixo do limite de R$ 218 para permanência no programa.
2. Regra dos 50%:
- Se outro integrante da família conseguir emprego, elevando a renda total para R$ 2.400 (R$ 400 per capita), a família continua recebendo 50% do Bolsa Família por pelo menos 12 meses, garantindo estabilidade.
3. Média de 12 meses para empregos sazonais:
- Trabalhadores com renda variável (como em safras ou obras temporárias) têm sua renda calculada em média anual, evitando cortes abruptos.
4. Retorno automático em caso de queda na renda:
- Se a família perder o emprego ou sofrer redução salarial, volta automaticamente ao programa.
Emprego e redução da pobreza
- 4 milhões de famílias trabalham e recebem o Bolsa Família integral;
- 3 milhões recebem 50% do benefício por estarem em transição para sair da pobreza;
- 4,7 milhões já superaram a pobreza e saíram do programa, muitos ascendendo à classe média.
O ministro destacou ainda o papel da educação nessa ascensão. "Quando uma família pobre forma o primeiro filho médico, professor ou engenheiro, ela muda de patamar. O Bolsa Família não é só assistência; é uma escada para sair da pobreza", acrescenta Dias.
Desemprego no Brasil e Nordeste
Dados oficiais revelam que, enquanto o país registrou a menor taxa de desocupação da série histórica (6,6% em 2024) , o Nordeste ainda enfrenta desafios:
- Bahia e Pernambuco lideram as taxas mais altas (10,8%) .
- Em janeiro de 2025, a região foi a única com saldo negativo de empregos (-2.671 vagas), puxado por Pernambuco (-5.230) e Ceará (-1.225) .
- Por outro lado, a Bahia criou 6.932 empregos, impulsionada pelo setor de serviços e construção civil.
Brasil Sem Fome
O Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023, já retirou 24,4 milhões de pessoas da insegurança alimentar grave . Entre as ações estão:
- Modernização do Cadastro Único, que hoje abrange 40,4 milhões de famílias;
- Programas complementares, como Vale Gás e Minha Casa Minha Vida ;
- Integração com políticas de emprego, como o Acredita no Primeiro Passo, que injetou R$ 726 milhões em microcrédito.
Para Wellington Dias, o Bolsa Família se tornou um modelo inovador ao conciliar proteção social e incentivo ao trabalho. "Com regras que evitam retrocessos e políticas integradas, o programa não só reduz a pobreza, mas também acelera a mobilidade social, provando que é possível crescer sem deixar ninguém para trás", conclui o ministro.
O ministro Wellington Dias e o jornalista Luiz Brandão Entrevista
Clique aqui e assista a entrevista completa do ministro Wellington Dias ao jornalista Luiz Brandão.
