
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alerta sobre a contaminação da água da chuva por agrotóxicos. A pesquisa, publicada no periódico científico Chemosphere, revela que, em três cidades do estado de São Paulo, Campinas, Brotas e a capital paulista, a água da chuva está contaminada por herbicidas, fungicidas e inseticidas. As amostras foram coletadas entre agosto de 2019 e setembro de 2021.
As análises mostraram que Campinas teve a maior concentração de agrotóxicos, com 701 microgramas por metro quadrado (µg/m²), seguida por Brotas, com 680 µg/m², e São Paulo, com 223 µg/m². A pesquisa também indicou que a quantidade de agrotóxicos encontrada na água da chuva tem uma relação direta com a extensão das áreas agrícolas em cada região. Campinas, por exemplo, tem quase metade de seu território ocupado por cultivos agrícolas, Brotas cerca de 30%, enquanto a capital paulista tem apenas 7% de seu território dedicado à agricultura.
Entre os agrotóxicos encontrados, o herbicida atrazina, proibido no Brasil, foi detectado em todas as amostras das três cidades. Isso levanta preocupações sobre a contaminação da água da chuva com substâncias que deveriam estar restritas, principalmente em regiões agrícolas.
A coordenadora do estudo, Cassiana Montagner, destacou que o estudo quebra a ideia de que a água da chuva é naturalmente limpa. Ela afirmou: "A ideia de que, ao tomar água de chuva, nós estamos tomando uma água limpa não é totalmente verdadeira. Este estudo levanta um alerta sobre o uso dessa água", enfatizando a necessidade de precaução no uso de água da chuva para abastecimento público.
Esse estudo serve como um alerta para a importância de monitorar e tratar adequadamente a água da chuva, que muitas vezes é considerada uma fonte natural e limpa, mas que, em algumas áreas, está contaminada com produtos químicos provenientes da agricultura intensiva.
Fonte: Agência Brasil