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RACISMO

Pesquisa revela que 54% dos professores presenciaram racismo nas salas de aula

Estudo inédito aponta diferenças na percepção de acolhimento e racismo entre alunos, professores e gestores nas escolas brasileiras

Da Redação

Quarta - 18/09/2024 às 11:18



Foto: Joédson Alves/Agência Brasil Alunos em escola
Alunos em escola

Mais da metade dos professores (54%) relataram já ter presenciado casos de racismo envolvendo alunos em sala de aula, segundo uma pesquisa inédita do Observatório Fundação Itaú em parceria com o Equidade.Info. O estudo abrangeu escolas das redes pública e privada no Brasil.

O levantamento mostra que a percepção de racismo é ainda mais acentuada entre os professores do ensino fundamental II (67%), enquanto no fundamental I esse índice é de 48% e no ensino médio de 47%. A pesquisa revela também uma diferença significativa entre professores brancos e negros: 56% dos docentes negros percebem racismo, comparado a 48% dos brancos.

Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú, destaca que, ao perguntar aos estudantes sobre como se sentem em relação aos seus cabelos, penteados e cor de pele, 13% dos alunos negros afirmaram não se sentir respeitados, enquanto entre os brancos esse número é de 8%.

A pesquisa foi dividida em dois recortes: um sobre o clima escolar, realizado com 144 escolas e 2.706 alunos, e outro focado no enfrentamento do racismo, com 160 escolas e 2.889 alunos. “Queremos entender como os alunos se sentem no ambiente escolar e como isso se reflete na percepção de professores e gestores”, explica Esmeralda.

Clima Escolar

No que diz respeito ao clima escolar, o estudo mostra que a sensação de acolhimento diminui conforme os alunos avançam nas etapas de ensino. Nos anos iniciais do fundamental, 86% dos alunos se sentem acolhidos, enquanto esse número cai para 77% nos anos finais e para 72% no ensino médio.

“A diminuição da sensação de acolhimento está relacionada a diversas questões da transição escolar, onde os alunos enfrentam mudanças significativas”, ressalta Esmeralda.

O estudo também revelou que a sensação de acolhimento é maior entre os alunos brancos (84%) em comparação aos negros (78%). Além disso, há uma discrepância entre a percepção de alunos, professores e gestores: 92% dos professores acreditam que os alunos se sentem acolhidos, enquanto apenas 81% dos alunos compartilham essa visão.

Enfrentamento ao Racismo

No segundo recorte da pesquisa, sobre o enfrentamento do racismo, constatou-se que 70% dos estudantes concordam que alunos negros são respeitados em relação ao seu fenótipo. No entanto, essa percepção varia entre os grupos: 8% dos alunos brancos discordam, enquanto 13% dos alunos negros fazem o mesmo.

Outro dado importante aponta que 21% dos professores brancos afirmaram não saber como lidar com situações de racismo na escola, em contraste com apenas 9% dos professores negros. Apesar de 75% dos docentes afirmarem que suas escolas têm procedimentos para lidar com o racismo, Esmeralda enfatiza a necessidade de formação contínua para que possam identificar e combater essas situações.

Ela defende que o enfrentamento do racismo deve envolver toda a comunidade escolar, incluindo familiares e funcionários. “Quando as crianças se sentem valorizadas por sua identidade e cultura, isso contribui para um ambiente escolar mais acolhedor”, afirma.

As escolas, segundo Esmeralda, devem promover um clima positivo que envolva arte e cultura, além de implementar adequadamente a lei 10.639, que exige o ensino das relações étnico-raciais e da história afro-brasileira. Isso implica a necessidade de materiais pedagógicos que incluam referências positivas de representações negras.

Essas ações são fundamentais não apenas para o combate ao racismo, mas também para a promoção de um ambiente escolar seguro e respeitoso, prevenindo a violência e o bullying.

Fonte: Agência Brasil

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