Moradores da comunidade Árvores Verdes, na zona rural de Teresina, vivem há pelo menos seis anos a expectativa de ter acesso regular à água por meio do modelo Sisar, considerado referência no saneamento rural do semiárido. Enquanto o projeto não sai do papel, famílias enfrentam dificuldades diárias para atender necessidades básicas e dependem da solidariedade de vizinhos que possuem poços e dividem a água disponível.
De acordo com a presidente do Sisar Meio Norte, Adriana Silva, a situação no local é de sofrimento. Segundo ela, há casas sem água para banho, lavagem de roupas, preparo de alimentos e limpeza. “As pessoas vivem contando com a ajuda de quem tem poço. Não é uma situação digna. Falta água para tudo”, afirma.
Comunidade Árvores sofre com a escassez de água para necessidades básicas
O Sisar Meio Norte foi formalizado com o objetivo de ampliar o acesso ao abastecimento de água em comunidades rurais do Piauí, seguindo o modelo de gestão comunitária já adotado em outros estados do Nordeste. Nesta sexta-feira, 19, Adriana esteve reunida com a diretora-geral da Agrespi, Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado do Piauí, Thaís Araripe Dias, para tratar da situação do abastecimento nas comunidades rurais, incluindo Árvores Verdes.
Segundo Adriana, as comunidades envolvidas no movimento não querem ser atendidas pela concessionária Águas do Piauí. “A gente defende um sistema próprio, comunitário. Queremos o Sisar”, declarou. Por meio da assessoria de comunicação, a Águas do Piauí informou que tem o prazo de um ano para definir quais comunidades rurais poderá atender. A empresa explicou ainda que, até o momento, assumiu poucas comunidades rurais e apenas aquelas que possuem, no mínimo, 30 casas, com distância máxima de 15 metros entre uma residência e outra.
Para Adriana Silva, esse critério exclui grande parte das comunidades rurais do estado. “A concessionária vai atender comunidades mais aglomeradas. As comunidades dispersas, como muitas da zona rural, ficarão de fora. É por isso que somos contra esse modelo e defendemos o Sisar”, disse.
Ela conta que existe um projeto iniciado há cerca de três anos para atender inicialmente oito comunidades, as primeiras a se mobilizarem pelo sistema. Segundo Adriana, o projeto está em fase avançada e pode ser executado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Moradores defendem um sistema próprio, gerido pela comunidade
A presidente do Sisar Meio Norte também defende que o modelo seja multiplicado em outras regiões do Piauí, como alternativa viável para garantir água às populações rurais. “O Sisar é um modelo que funciona, que envolve a comunidade e garante sustentabilidade”, diz.
Entenda o que é o SISAR
O Sisar nasceu em 1996, em Sobral, e vem sendo replicado em várias cidades. Funciona como um a federação de associações que, através de contribuição mensal, financia uma estrutura responsável pela manutenção de seus sistemas, fornecimento de insumos (material para manutenção e tratamento), e capacitação social.
A gestão do sistema é compartilhada entre Associação e Sisar. O Sisar supre as carências técnicas, administrativas e sociais da comunidade, que solicita seus serviços quando esta não tem conhecimentos suficientes, como para a realização de manutenção de um conjunto motor-bomba, por exemplo.