
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou apoio à contratação do técnico Carlo Ancelotti para o comando da Seleção Brasileira, mas ponderou que os desafios do futebol nacional vão muito além da escolha de um bom treinador, mas da atual composição dos jogadores. A declaração foi dada nesta terça-feira (13), em conversa com jornalistas em Brasília, um dia após o anúncio oficial feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
“Se formos analisar a biografia do Ancelotti, ele é um grande técnico. Foi um bom jogador, um bom técnico. Mas o problema do Brasil, eu acho, é que nós estamos numa entressafra de jogadores. Não é igual ao que já tivemos. Se compararmos essa safra com 58, 62, 70, 82, 86, 2002 e 2006, essa safra é mais frágil”, disse Lula, ao comentar a dificuldade da atual geração em se equiparar a nomes consagrados do passado. “É só lembrarmos nosso ataque de 2002 e 2006 para você ver que estamos longe daquilo lá.”
Apesar das críticas ao nível técnico dos jogadores, o presidente reconheceu o currículo de peso do treinador italiano. Carlo Ancelotti, de 65 anos, é o único técnico a conquistar os cinco principais campeonatos nacionais da Europa (Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Espanha) e acumula cinco títulos da Liga dos Campeões da UEFA, três deles pelo Real Madrid, clube que deixará ao fim da atual temporada europeia.
Para Lula, no entanto, o maior obstáculo à frente da Seleção é a própria estrutura do futebol brasileiro. “Acho muito difícil ficar juntando jogador 15 dias antes do jogo, treinador dois dias, escalar o time e achar que vai ganhar, quando todo mundo se prepara muito”, avaliou, ao criticar o modelo de preparação adotado pelas seleções nacionais diante do calendário internacional apertado.
Alternativa nacional
Em um tom amistoso, Lula sugeriu à CBF que experimente montar uma seleção exclusivamente com atletas que atuam no futebol brasileiro, uma ideia que já chegou a mencionar diretamente ao presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.
“Já disse ao presidente da CBF. Gostaria de fazer uma experiência convocando os melhores jogadores que terminam o Campeonato Brasileiro. Terminou o Brasileiro, vamos fazer uma seleção dos 22 melhores jogadores para ver o que dá. Acho que seria igual, ou melhor, do que convocando de todo o mundo”, afirmou.
A proposta ecoa iniciativas anteriores, como a Seleção Brasileira de aspirantes — que chegou a disputar competições menores entre 2017 e 2020 — e também lembra os tempos em que a maioria dos convocados vinha do próprio país. Hoje, a Seleção conta majoritariamente com jogadores que atuam na Europa, como Vinicius Jr., Rodrygo, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá.
Ancelotti
Ancelotti, que assumirá oficialmente o cargo em 26 de maio, terá como principal missão reconstruir a identidade da Seleção e reconduzir o Brasil ao protagonismo mundial até a Copa do Mundo de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá. A estreia do treinador está prevista para as Eliminatórias da Copa, com jogos marcados contra Equador (6 de junho, fora de casa) e Paraguai (10 de junho, no Maracanã).
O anúncio do técnico italiano encerra uma longa novela que começou ainda em meados de 2024, quando seu nome foi especulado como substituto ideal após a saída de Fernando Diniz e a demissão de Dorival Júnior. A negociação enfrentou entraves como a disputa do Mundial de Clubes de 2025 e propostas de alto valor vindas da Arábia Saudita, que ofereciam cifras muito superiores às apresentadas pela CBF.
Com Ancelotti confirmado, o próximo passo da entidade será definir a comissão técnica e organizar a logística para a Copa América de 2025, nos Estados Unidos. O torneio servirá como principal laboratório para avaliar a eficácia do novo comando e as escolhas de elenco até a disputa do hexacampeonato.
Fonte: Brasil 247