Arte e Cultura

ENTREVISTA

Luizinho de Aracaju destaca a força dos bares na formação de músicos

Artista relembra importância dos bares na formação de músicos e pede valorização dos palcos locais

Da Redação

Quarta - 25/06/2025 às 16:29



Foto: Portal Piauí Hoje Jornalista Roberto John e o músico Luizinho de Aracaju durante entrevista
Jornalista Roberto John e o músico Luizinho de Aracaju durante entrevista

Luizinho de Aracaju começou a carreira em Teresina nos anos 80, com o grupo Anfitrio, composto inicialmente pelos músicos Chicão , Zé Rodrigues e ele, tocando no circuito de bares como Nós & Eles, Barbárie, Zanzibar e Emoções. Agora, 25 anos depois de ter deixado o Piauí, ele volta a passeio e se surpreende com o sumiço de casas tradicionais, onde havia show todos os dias praticamente, o que garantia espaço para música autoral e oportunidade para quem ainda estava aprendendo.

Em entrevista ao Podcast Piauí Hoje, ele lembra que, quando um bar fecha, “perde-se um pedaço da memória afetiva de muita gente. A música cria identidade e aquece a economia, do garçom ao técnico de som”, diz, ressaltando que Teresina precisa cuidar dos seus palcos, não só para garantir diversão, mas para manter viva a própria memória musical da cidade.

O artista lembra que, para abrir novos espaços, criaram o Segunda sem lei, no Choppizza da Jockey Center,  realizando apresentações em um dia que normalmente os bares estavam fechados. “Toquei por 13 anos. Só parei quando eu fui embora de Teresina, mas o show continuou e virou parte do calendário turístico de Teresina”.

Hoje tocando em restaurantes e pequenos teatros em Goiânia, ele avalia a cena musical do Brasil. “As pessoas falam que não se faz mais música como antigamente. Isso não é verdade. Tem muita gente boa fazendo música, mas falta vitrine, oportunidade para conhecer. Infelizmente todas as rádios tocam as mesmas músicas. O jabá é muito forte”, avalia.

Segundo ele, a noite teresinense cumpria também um papel pedagógico. “Foi ali que músicos como Assis e Dimas Bezerra, Vavá Ribeiro e Zé Rodrigues, Terra Francisco, Felizardo Calaço ensinaram, na prática, como segurar um palco”. Sem essa passagem obrigatória pelos bares, afirma, muitos instrumentistas acabam ficando apenas no circuito de lives ou vídeos curtos.

Para Luizinho, a música tem muito valor e precisa ser estimulada, não apenas como entretenimento. Ele cita duas frases que costuma repetir nos shows. “A música é a única coisa que substitui as drogas. É a única coisa que faz você voltar no tempo.” Na visão dele, preservar os palcos é, portanto, preservar um instrumento de saúde coletiva: “Quem canta volta para casa melhor, e quem ouve também”.

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