Arte e Cultura

HIP HOP

Artistas defendem que hip hop se torne patrimônio imaterial

Seminário em Brasília reúne ativistas do movimento cultural

Da Redação

Sábado - 30/11/2024 às 12:18



Foto: Wilson Dias/Agência Brasil Seminário em Brasília
Seminário em Brasília

“Quero ter tempo de honrar sempre de onde eu venho (…) Tem tempo de plantar, tem tempo de colher/Mas todo tempo é tempo quando a meta é crescer”.

Os versos da música O Tempo, do rapper Nenzin MC (Jonathan Williano), de 29 anos, natural de Ceilândia (DF), refletem sua trajetória de transformação. Criando desde os 15 anos, ele enfrentou dúvidas até dentro de casa sobre o futuro na música. Hoje, temas da periferia ganham voz em suas letras.

Além de compor, Nenzin MC organiza batalhas de rap que movimentam a economia local, gerando 50 empregos diretos e 150 indiretos em Ceilândia, a maior cidade do Distrito Federal. “Depois do rap, tudo mudou. Minha família percebeu que a música seria o sustento. Além disso, trazemos cultura e diversão para nossa cidade”, conta ele.

Sua virada veio aos 18 anos, ao ingressar na ONG Jovem de Expressão, que promove cursos e empoderamento juvenil com foco no hip hop.

Hip Hop como patrimônio

Graças a iniciativas como essas, ativistas e artistas lideram a campanha para tornar o hip hop patrimônio imaterial do Brasil. O 1º Seminário Internacional Construção Nacional Hip Hop, realizado em Brasília até este sábado (30), reuniu nomes como a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que apoia o reconhecimento pelo Iphan.

Segundo a artista Cláudia Maciel, integrante do comitê de juventude negra e facilitadora do movimento, já há um inventário com mais de 2 mil páginas para formalizar o pedido. “Buscamos o direito de exercer nossa cultura nas ruas”, explica Cláudia, destacando a importância de mais recursos e visibilidade.

Vidas transformadas pelo hip hop

O hip hop tem se mostrado um vetor de transformação nas periferias. O diretor da ONG Jovem de Expressão, Antônio de Pádua Oliveira, ressalta que a cultura abrange música, moda, dança, literatura e audiovisual, gerando renda e oportunidades.

Um exemplo é o produtor audiovisual Ricardo Soares Azevedo (Palito), de 31 anos, que começou ensinando basquete de rua na ONG e depois ingressou em um curso gratuito de audiovisual. “Aprendi a filmar e comecei a registrar minha comunidade. Hoje, vivo das filmagens.”

Seu filme Faz seu Corre, que aborda a realidade de jovens periféricos, foi selecionado para a Mostra do Festival de Cinema de Brasília. “A arte se tornou a minha oportunidade de viver e contar histórias que antes eu não imaginava”, afirma Palito.

Fonte: Agência Brasil

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