
O advogado Álvaro Mota, presidente do Instituto dos Advogados Piauienses - IAP, é o mais novo membro da Academia Piauiense de Jornalismo - APJ. A posse foi nesta quarta-feira (10/09), em um restaurante de um shopping da cidade. Álvaro é um dedicado articulista e cronista. Escreve para vários veículos de comunicação de Teresina. E o títular da Coluna "Olhe Direito, no portal Piauí Hoje.
Na posse, Álvaro Mota fez o seguinte discurso:
"Senhoras e senhores, etc.
Esta é uma data especial para mim, mas triste. Não que a alegria esteja distante do meu coração. Ao contrário, transbordo de contentamento pela gentileza da homenagem a mim prestado. Porém, há algo de triste em não pode compartilhar essa alegria com pessoa especial que fez parte desta instituição, o inesquecível amigo Herculano Moraes,
Agradeço, meu caro Chico Viana, e às estimadas jornalistas Fernanda Lobo e Teresa Val pela homenagem. É reconfortante estar aqui hoje para receber a honraria de estar inscrito como um Membro Honorário da Academia Piauiense de Jornalismo – algo que jamais pensei merecer, por presença somente eventual nos meios jornalísticos, sempre mais como fonte ou pessoa citada que propriamente pela produção de conteúdo.
Sinto-me, contudo, bastante à vontade para receber esta homenagem porque desde sempre estive ligado, ainda que indiretamente, ao exercício da profissão de jornalista – uma imposição muito própria dos pontos de confluência entre o fluxo de ideias e informações e a prática do Direito.
Longe de estar à altura dos que fazem do jornalismo seu mister mais importante, sinto-me parte dessa comunidade de pessoas bem-pensantes porquanto tenho sido contemplado com a bondade de editores e leitores ao longo de anos, como um recorrente colaborador de meios como os jornais Diário do Povo e Meio Norte e dos sites Piauí Hoje, Meio News e Portal AZ. Orgulho-me dessa condição porque creio que o jornalismo é essencialmente civilizatório.
Sou daqueles que crê na impossibilidade de se construir civilização se não pela robustez da informação, buscada e apurada, tornada pública para que seja agente primário de transformação social. É líquido e certo dizer que a imprensa, tal como concebida no começo da Idade Moderna pela criação de Gutemberg, é a gênese de uma sociedade mais letrada, democrática e plural.
O mundo todo se valeu da imprensa – jornalismo, por excelência – para registrar fatos que fornecessem até hoje matéria-prima para a História. Entre nós nem foi nem certamente será diferente, mesmo com todas as transformações tecnológicas em curso.
No Piauí, o jornalismo se vem fazendo desde o século XIX, sempre com alguns liminares a registrar factualmente seus tempos, mas também a fazer História. Cito como precursores do jornalismo em nosso estado os nomes de David Caldas e de Higino Cunha, ambos advogados que fizeram do jornalismo uma atividade que os fez mais conhecidos.
Lembro ainda Celso Pinheiro Filho, amigo de meu pai, Berilo Mota, que registrou a História da Imprensa no Piauí, trabalho que cobre desde o século XIX até a segunda metade do século XX. Nessa segunda metade do século XX, sobretudo no último quatro daquele século, pude dar conta de eu mesmo observar o jornalismo local em sua evolução tecnológica e de qualidade crescente dos jornalistas.
Retomo a fala inicial para lembrar Herculano Moraes, jornalista e escritor. Sempre um rotineiro autor de textos jornalísticos em veículos como O Dia, que ao modernizar seu parque gráfico também se instituiu como um lugar de atração e formação de capital humano de alta qualidade. Chico Viana, que foi seu editor, certamente está entre esses luminares que passaram por O Dia e fizeram histórias também em jornais como O Estado, Jornal da Manhã, Diário do Povo, Meio Norte; em emissoras e de rádio como Clube, Difusora, Pioneira, Meio Norte, Cidade Verde, Antena 10.
Cito nomes como Albeni Lemos, pai e filho; Pires de Sabóia; Arimateia Azevedo; Wilson Fernando, Luís Bello, Luíz Brandão, Fenelon Rocha, Elvira Raulino, Renato Bacelar, Carlos Augusto de Araújo Lima, Carlos Said, Dídimo de Castro, Joel Silva, Zózimo Tavares, Claudia Brandão...
Penso que estou em boa companhia, penso agora sou um pouco merecedor de estar entre os que concorrem para a existência do jornalismo. Nesta hora, sou somente gratidão pela honrosa homenagem.
Obrigado a todos!"