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MANIFESTAÇÃO

​Servidores da UFPI bloqueiam entrada da universidade e paralisam atividades por reajuste

Movimento cobra cumprimento de acordo de greve, reposição orçamentária e valorização das carreiras

(*) Por Isaac Da Silva, Lília Pâmela e Sol Castelo Branco

Sexta - 23/05/2025 às 10:21



Foto: Isaac Da Silva/Piauí Hoje.com Servidores da UFPI realizam paralisação e bloqueiam acesso de veículos na entrada do setor de Ciências da Natureza, próximo à Reitoria
Servidores da UFPI realizam paralisação e bloqueiam acesso de veículos na entrada do setor de Ciências da Natureza, próximo à Reitoria

O acesso de veículos à Universidade Federal do Piauí (UFPI) foi bloqueado na manhã desta sexta-feira (23) por servidores Técnico-Administrativos em Educação (TAEs), que decidiram paralisar suas atividades em protesto contra cortes orçamentários e reivindicando a valorização da carreira. A mobilização ocorreu no cruzamento entre as avenidas Nossa Senhora de Fátima e Universitária, nas imediações da Reitoria, próximo ao setor de Ciências da Natureza.

A ação segue o calendário nacional de mobilização definido pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) e foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Piauí (SINTUFPI).

Paralisação na UFPI é organizada pelo SINTUFPI e segue calendário nacional da FASUBRA em defesa da valorização dos servidores e do ensino público - Isaac Da Silva

"Estamos hoje cumprindo mais um calendário de atividades da nossa federação com paralisações em todo o Brasil. Aqui na Universidade Federal não pode ser diferente. Paralisamos dia 22 e dia 23", afirmou o presidente do SINTUFPI, Bartolomeu Carvalho Sousa.

Segundo ele, um dos principais motivos da mobilização é a exigência de que o Congresso Nacional vote até o dia 2 de junho o Projeto de Lei que transforma em norma o acordo firmado com o governo após a greve do ano passado. "Ele trata do reajuste dos servidores públicos nesse país, sobretudo nas universidades. Outro ponto é a garantia de recursos para o funcionamento das universidades", declarou.

Bartolomeu destacou que os sucessivos cortes orçamentários têm inviabilizado o funcionamento das instituições de ensino superior. "Nos últimos 15 anos tem havido corte substancial no orçamento para a manutenção das universidades. Este ano não é diferente. O Executivo fez um corte, mas o Congresso Nacional hoje é o principal responsável pelo corte dos orçamentos."

A Reitoria da UFPI confirmou recentemente que a instituição sofreu um corte de R$ 6,3 milhões no orçamento, após a sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. A redução impacta diretamente em contratos, continuidade de projetos acadêmicos e assistência estudantil.

“Nos próximos 60 dias, nós não temos condição de fornecer ensino público gratuito e de qualidade nas universidades”, alertou o presidente do sindicato. “Portanto, o movimento se intensifica, é isso."

A paralisação também se articula em torno de outras reivindicações históricas da categoria, como a regulamentação da jornada de 30 horas, a paridade entre ativos e aposentados e o reconhecimento de regimes específicos de trabalho.

"Hoje nós temos uma mesa de negociação com o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI). A FASUBRA está reunida com o governo federal, discutindo as outras pautas. Toda vez que tiver uma mesa de negociação com MGI ou MEC, nós vamos estar paralisando nesse Brasil para chamar a atenção da situação do ensino público", explicou Bartolomeu.

A servidora Jeanette Martins, há 16 anos na UFPI, também participou da mobilização e relatou as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores. “Essa luta é uma luta não só nossa. A gente está lutando também contra o corte dos orçamentos. As universidades vêm sendo massacradas nos últimos anos e a nossa carreira também está sofrendo massacre.”

Ela relembrou a greve de mais de 100 dias em 2024, que resultou em conquistas ainda não plenamente implementadas. “Hoje nós nos encontramos em estado de greve, e se o governo não cumprir o acordo que ele mesmo nos propôs, a possibilidade de ter uma nova greve não está descartada. A luta continua.”

Em tom emocionado, Jeanette reforçou o caráter coletivo da mobilização. “Hoje nós estamos lutando não só pela nossa carreira, mas pela manutenção da universidade, e essa luta não é só nossa, é pelos estudantes. Eu já fui estudante daqui. Hoje sou servidora concursada e pretendo ver o meu filho ser estudante daqui. Se eu não lutar agora, não vou conseguir ver isso acontecer.”

A manifestação teve caráter pacífico e contou com a presença de servidores de diversos setores da universidade. Um novo calendário de paralisações será divulgado nos próximos dias.

Paralisação dos servidores da UFPI cobra cumprimento de acordo de greve, reajuste salarial e reposição do orçamento, que sofreu corte de R$ 6,3 milhões em 2025 - Isaac Da SilvaComunicados

Anteriormente, o SINTUFPI encaminhou ofício à reitora da UFPI, Nadir Nogueira, reafirmando o direito legítimo de mobilização dos trabalhadores e solicitando o apoio da gestão superior para o reconhecimento do movimento. “A paralisação tem como objetivo fortalecer a luta nacional da categoria por melhores condições de trabalho e valorização profissional, em um contexto de mobilizações que ocorrem em diversas instituições federais de ensino em todo o país”, pontuou a entidade.

Entre as demais pautas estão o reposicionamento dos aposentados, o plantão em regime 12x60 e a regulamentação da carga horária para profissões com conselhos de classe. A luta por reajuste e estrutura adequada continua, com servidores alertando que sem orçamento, a universidade pública corre risco real de paralisar novamente suas atividades.

(*) Isaac da Silva, Lília Pâmela e Sol Castelo Branco são estagiários sob a supervisão do jornalista Luiz Brandão DRT/PI - 980.

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