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SAÚDE

Aumento de casos de sarampo nas Américas acende alerta no Brasil

mas país mantém certificado de eliminação da doença

Por Marília Lélis

Segunda - 31/03/2025 às 18:40



Foto: Divulgação A vacinação continua sendo a medida mais eficaz para prevenir doenças e evitar surtos
A vacinação continua sendo a medida mais eficaz para prevenir doenças e evitar surtos

O aumento de casos de sarampo no continente americano acende um alerta para o Brasil, mas, por enquanto, os três casos confirmados no país não comprometem o certificado de nação livre da doença, reconquistado em 2023.

Segundo Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Exantemáticos da Fiocruz, unidade de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil só perderia a recertificação se houvesse cadeias de transmissão sustentadas do vírus por um ano. "Para isso, seria necessário o mesmo genótipo do vírus circulando por um período prolongado", explica.

Até o momento, o Ministério da Saúde confirmou casos esporádicos: dois no Rio de Janeiro, em bebês gêmeos ainda não vacinados, e um no Distrito Federal, em uma mulher adulta que provavelmente se infectou em viagem ao exterior. Das 110 notificações até 12 de março, 22 ainda estavam sob investigação.

O sarampo é uma doença de notificação compulsória, e há um protocolo rígido para conter surtos, incluindo bloqueio vacinal em locais frequentados pelos infectados. "O vírus do sarampo é um dos mais contagiosos. Em ambientes com baixa cobertura vacinal, uma pessoa pode infectar até 17 outras", alerta Siqueira.

Cenário nas Américas preocupa

Um relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revela que, em 2024, já foram confirmados 507 casos no continente – número superior ao de todo o ano passado. Os Estados Unidos lideram com 301 infecções e duas mortes, seguidos por Canadá (173), México (22) e Argentina (11). A Opas avalia que o risco de disseminação é alto.

O último grande surto no Brasil, entre 2017 e 2018, começou em regiões fronteiriças com a Venezuela, país com alta incidência na época. "O problema não foi a migração, mas nossa baixa cobertura vacinal", destaca Siqueira. "Com as conexões globais, casos importados são esperados, mas precisamos evitar transmissão sustentada."

Vacinação é a principal arma

A vacina contra o sarampo foi desenvolvida nos anos 1960, mas só ganhou força no Brasil nas décadas seguintes. Atualmente, o SUS oferece a Tríplice Viral, que protege também contra caxumba e rubéola. A primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses, e a segunda, aos 15 meses.

Em 2024, o Brasil atingiu 95% de cobertura na primeira dose, mas menos de 80% receberam a segunda. "A eficácia da vacina é de 93% a 95%, e a segunda dose corrige falhas e prolonga a proteção", explica Juarez Cunha, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A pandemia de COVID-19 agravou a situação, reduzindo as taxas de vacinação. "Se 30% das crianças não foram imunizadas no tempo certo, elas formam um grupo suscetível", alerta Cunha.

Adultos também devem se vacinar

Embora o sarampo seja associado a crianças, quase metade dos casos nas Américas em 2024 ocorreu em pessoas de 10 a 29 anos. Adultos não vacinados podem transmitir o vírus para bebês menores de 1 ano e pessoas com imunodeficiências.

Luciana Phebo, do UNICEF no Brasil, destaca que o sarampo é um termômetro da vacinação: "Qualquer queda na imunidade coletiva permite surtos, especialmente em crianças." Ela também aponta a hesitação vacinal como uma das maiores ameaças à saúde global, impulsionada por desinformação e fake news.

Conclusão: Brasil precisa reforçar a imunização

Enquanto o país mantém o status de eliminação do sarampo, a baixa cobertura vacinal e os casos importados exigem atenção. A vacinação em massa é a única forma de garantir proteção coletiva e evitar novos surtos. Autoridades reforçam: quem não se vacinou ou não tem registro deve procurar uma unidade de saúde.

A OMS e o Ministério da Saúde continuam monitorando a situação, mas a responsabilidade individual é crucial para manter o Brasil livre do sarampo.

Fonte: Agência Brasil

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