
Em um discurso inflamado durante a manifestação bolsonarista na Avenida Paulista no domingo (7/9), o pastor Silas Malafaia lançou pesadas indiretas ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e se autoproclamou tutor político do ex-presidente Jair Bolsonaro. O religioso foi taxativo ao declarar que apenas a família Bolsonaro (os filhos Flávio e Carlos, e a esposa Michele) está autorizada a falar em nome do ex-chefe do Executivo.
O ataque, sem citar nominalmente o presidente nacional do Progressistas, foi uma clara resposta à recente visita de Ciro Nogueira a Bolsonaro. Após o encontro, o senador saiu publicamente defendendo que o ex-presidente seja o candidato da direita à Presidência em 2026.
Incomodado com a movimentação de Ciro, Malafaia não apenas criticou o que chamou de "politiqueiro sem moral", como também não convidou o senador para o evento em São Paulo, excluindo-o simbolicamente do núcleo duro bolsonarista.
A rusga pública vai muito além de uma simples divergência de opiniões. Especialistas e as próprias declarações de Malafaia indicam que o que está em jogo é a vaga de vice-presidente na chapa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tido como um virtual candidato da direita em 2026. Malafaia, que já foi cogitado para ser vice na chapa de Michele Bolsonaro, agora mira a posição ao lado de Tarcísio e vê Ciro Nogueira, um político tradicional com ampla articulação no Centrão, como seu principal rival.
A tensão entre o pastor e o senador não é nova e tem se desenrolado pelas redes sociais. Tudo começou quando Malafaia chamou Ciro de "frouxo" porque o senador se recusou a assinar um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Moraes é o relator do inquérito que investiga Bolsonaro e aliados por suposta tentativa de golpe de Estado.
Na plataforma X (antigo Twitter), Ciro Nogueira rebateu os ataques com ironia: "Eu não me meto na sua igreja", escreveu, sugerindo que o pastor deveria se ater aos assuntos religiosos.
Além de mirar em aliados, Malafaia também repetiu suas críticas habituais ao STF, com foco em Alexandre de Moraes, e fez elogios ao governador Tarcísio de Freitas. Em meio aos ataques, o pastor voltou a ameaçar deixar o Brasil caso a situação política não evolua para o que ele considera ideal, sinalizando o acirramento dos ânimos dentro da base bolsonarista.
A disputa pelo comando da direita e a formação das chapas para 2026 prometem acirrar ainda mais os ânimos, com Malafaia tentando consolidar sua influência e afastar nomes do campo mais pragmático da política de direita no Brasil.
Mas engana-se quem acredita que a direita está dividida. Essa troca de "animosidades" e "farpas" faz parte da estratégia da busca por apoio para o projeto dela nas eleições gerais do próximo ano, inclusive a disputa pelo Palácio do Planalto. No fim, estarão todos juntos no mesmo palanque para tentar derrotar Lula e o PT.
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