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Gleisi Hoffmann diz que rejeição do pacote fiscal pode comprometer emendas parlamentares

Gleisi defendeu a taxação sobre aplicações isentas, como LCA e LCI, argumentando que o sistema atual beneficia rentistas em detrimento da classe trabalhadora

Da Redação com informações do Valor Econômico

Segunda - 16/06/2025 às 12:42



Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Presidente do PT, Gleisi Hoffmann
Presidente do PT, Gleisi Hoffmann

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), advertiu que a possível derrubada do novo pacote fiscal pelo Congresso Nacional terá impacto direto nas emendas parlamentares. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (16), ela explicou que, se o Legislativo rejeitar as medidas, o governo terá que ampliar o contingenciamento orçamentário, atingindo recursos discricionários, onde estão as emendas. “Bate aqui e bate lá”, resumiu.

Responsável por articular politicamente as ações do governo Lula em meio às críticas do Congresso às medidas fiscais, Gleisi defende que as propostas são estruturantes, pois combatem privilégios tributários. “As medidas que apresentamos atacam privilégios porque setores com muito dinheiro pagam pouco ou nenhum imposto”, afirmou.

Apesar de ter sido crítica ao arcabouço fiscal quando presidia o PT, a ministra agora apoia as ações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Eu era crítica, mas fui vencida. O governo implementou o arcabouço e temos que fazer as entregas”, disse, ressaltando que as propostas promovem justiça tributária e equilíbrio orçamentário.

Tributação e justiça fiscal

Gleisi defendeu a taxação sobre aplicações isentas, como LCA e LCI, argumentando que o sistema atual beneficia rentistas em detrimento da classe trabalhadora. “O rentista ganha dos dois lados e não paga nada. Já o trabalhador pode pagar até 27,5% de Imposto de Renda, o que é muito injusto”, afirmou. Ela também apoiou o aumento da tributação sobre apostas, lembrando que o imposto subiu de 12% para 18%, mas pode subir ainda mais.

Críticas ao Congresso

Sobre o Congresso, a ministra criticou a postura contraditória de cobrar cortes de gastos, mas rejeitar medidas impopulares. “Ninguém quer votar medida impopular. Da esquerda à direita. Apresente as medidas de corte com a assinatura da bancada para ver se passam”, desafiou.

Gleisi descartou alterações nos pisos constitucionais da saúde e educação, bem como desvinculação do salário mínimo dos benefícios sociais. Também rejeitou uma reforma administrativa ampla, mas admitiu abertura a medidas pontuais para aumentar a eficiência.

Emendas e modelo orçamentário

A ministra explicou que o novo modelo orçamentário, firmado com o Supremo Tribunal Federal (STF), tornou a liberação de emendas mais complexa, mas negou que o Executivo tenha retardado esses recursos. Segundo ela, os empenhos começaram a ser feitos recentemente.

Caso o Congresso derrube o decreto do IOF ou rejeite o pacote fiscal, Gleisi afirmou que o governo poderá acionar o STF ou ampliar o bloqueio orçamentário, o que também afetaria as emendas. “Isso seria ruim para o Congresso, pois as emendas também sofrem contingenciamento”, destacou.

Eleições 2026

Sobre as eleições de 2026, Gleisi demonstrou confiança na candidatura de Lula e afirmou que pesquisas internas indicam que a população deseja maior presença do presidente na cena nacional. “Temos uma pesquisa mostrando que 79% acham que Lula deveria falar mais”, disse.

Embora reconheça outros nomes promissores na esquerda, como Fernando Haddad, Camilo Santana e Rui Costa, ela reforçou que Lula é insubstituível. “Ele é um líder, não apenas um quadro político. Lula tem que ser nosso candidato.”

Por fim, Gleisi ressaltou a importância da aliança com partidos do centro para conter o avanço da extrema-direita. “Não podemos permitir que a extrema-direita volte a ganhar no Brasil.”

Fonte: Valor Econômico

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