A Família Bolsonaro está traçando um ambicioso projeto para ocupar ainda mais espaço no poder público, com planos de eleger mais três senadores e um deputado federal apenas dentro do próprio clã. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responde a processos por ataques à democracia, seus filhos e esposa articulam candidaturas em diferentes estados, consolidando uma máquina política financiada pelo dinheiro público e alicerçada em privilégios parlamentares.
Segundo fontes ligadas ao grupo, Eduardo Bolsonaro (atual deputado federal) seria candidato ao Senado por São Paulo, Carlos Bolsonaro (vereador no Rio) mira um vaga de senador por Santa Catarina, e Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, concorreria oa Senado por Brasília, em dobradinha com o governador do DF, Ibaneis Rocha. Já Flávio Bolsonaro, atual senador pelo Rio, busca a reeleição. Além disso, o mais novo da família, Jair Renan Bolsonaro, é cotado para deputado federal.
Ganância por poder e dinheiro público
A estratégia expõe a voracidade do Clã Bolsonaro por cargos que garantam imunidade parlamentar, altos salários e influência política. O ex-presidente sempre viveu e vive com dinheiro oriundo dos cofres públicos. E passou a mesma prática para os filhos, esposas e até irmãos.
Desde 2018, os Bolsonaro transformaram mandatos em negócios familiares, com escândalos que vão de rachadinhas (caso de Flávio) a orçamentos secretos (Eduardo). Agora, buscam controlar o Senado, órgão crucial para barrar investigações e blindar o ex-presidente, condenado pelo TSE por abuso de poder político e uso eleitoral das redes sociais.
Tentativa de golpe
A escalada do clã ocorre em meio a processos que vinculam os Bolsonaro ao planejamento do golpe de Estado após a derrota eleitoral em 2022. Jair Bolsonaro é alvo de inquéritos no STF por incitação ao vandalismo (ataques a sedes dos Três Poderes) e fraude em vacinas (crise da Anvisa). Seus filhos, especialmente Eduardo e Carlos, são investigados por criar e espalhar fake news nas redes sociais e articulação com militares golpistas.
Ameaça à democracia
Especialistas afirmam que a eleição de quatro senadores da mesma família seria um ataque à democracia, concentrando poder em um grupo com histórico de desprezo pelas instituições. "Isso mostra a falha do sistema eleitoral, que permite dinastias políticas e uso do Estado para fins privados", diz o cientista político piauiense Roberto John Gonçalves da Silva. Propostas como limite de mandatos por família e fim da imunidade parlamentar para crimes comuns são apontadas como urgentes.
Enquanto o Brasil discute reformas para evitar o uso privado da máquina pública, os Bolsonaro e outros agem na contramão, transformando o Estado em um projeto hereditário. A menos que o sistema eleitoral seja reformado, o risco de novas crises institucionais — e até de novas tentativas golpistas — seguirá vivo. A pergunta que fica é: até quando a democracia brasileira suportará isso?
Luiz Brandão
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