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ESCOLTA PESADA

VÍDEOS:PF faz escolta no aeroporto de Teresina; preso seria o namorado de Tatiana Medeiros

Operação de grupo especial da PF no aeroporto de Teresina; agentes estavam fortemente armados e teriam escoltado preso que estava em vôo vindo do BH

Por Luiz Brandão

Sábado - 11/10/2025 às 22:21



Foto: Luiz Brandão Policiais federais fortemente armados no aeroporto de Teresina
Policiais federais fortemente armados no aeroporto de Teresina

Uma operação do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da Polícia Federal com o apoio de uma equipe da Polícia Penal chamou a atenção no aeroporto de Teresina no início da noite deste sábado (11/10). Os agentes da PF, fortemente armados, cumpriam a missão de escoltar um preso, cujo nome não foi revelado pelos policiais, mas o portal Piauí Hoje foi informado que se tratava de Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora afastada Tatiana Medeiros.

Informações obtidas pelo portal Piauí Hoje, garantem que o preso chegou por volta das 18 horas em um voo da companhia aérea Azul, procedente de Belo Horizonte (MG), onde Alandilson estava preso. A fonte do portal informou que imediatamente após o desembarque, o preso teria sido levado sob escolta armada para a carceragem da Polícia Federal em Teresina. A operação chamou a atenção das pessoas que estavam no Aeroporto Senador Petrônio Portella.

Alandilson Passos e Tatiana Medeiros Audiência

A transferência de Alandilson teria ocorrido para que ele participe de uma audiência na Justiça Federal. A audiência seria na segunda-feira (13/10). O deslocamento acontece em meio a uma significativa reviravolta no processo.

No dia 1º de outubro, a Justiça cancelou a audiência de instrução e julgamento de Alandilson e outros 15 réus, acusados de organização criminosa e lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada após o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) conceder um habeas corpus que anulou uma das principais provas da acusação: o Relatório de Inteligência Financeira (RIF).

Árvore dos frutos envenenados

O caso sofreu um abalo significativo após uma decisão do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI). O tribunal concedeu um habeas corpus que anulou o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) nº 82413.131.10527.12686, considerado uma das principais provas da acusação.

O TJ-PI entendeu que o relatório foi obtido de forma ilegal, configurando uma "prova ilícita" – a "árvore envenenada". Com base na teoria dos "frutos envenenados", todas as demais provas derivadas desse relatório também foram consideradas inadmissíveis.

Diante disso, a Vara de Delitos de Organização Criminosa cancelou a audiência de instrução e julgamento de Alandilson e os outros 15 réus, inicialmente prevista para os dias 2 e 3 de outubro. O juízo determinou que o Ministério Público do Piauí (MPPI) se manifeste sobre a existência de provas lícitas e independentes que justifiquem a continuidade da ação penal.

Recurso ao STF

Para tentar reverter a decisão, o MPPI recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso, protocolado na quarta-feira (1º/10), será analisado pela 2ª Turma da Corte, sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes.

O Ministério Público alerta que, se mantida a decisão do TJ-PI, poderá haver a soltura de integrantes de facções criminosas e a inviabilização de processos importantes. A procuradora de Justiça Zélia Saraiva Lima, que assina o recurso, argumenta que o TJ-PI não interpretou corretamente a jurisprudência do STF sobre o tema.

Relembre o caso

Alandilson Cardoso Passos e a vereadora Tatiana Medeiros foram presos em abril de 2024. A Polícia Federal aponta que a campanha que elegeu Tatiana para a Câmara Municipal de Teresina foi custeada com "recursos ilícitos de uma facção criminosa".

Em maio de 2025, Tatiana, Alandilson e outras sete pessoas foram tornadas réus por corrupção eleitoral, organização criminosa e outros crimes. A vereadora teve a prisão preventiva convertida em domiciliar em junho, devido a um problema de saúde grave.

Alandilson, por sua vez, chegou a ser incluído no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) por suspeita de usar telefone para se comunicar com Tatiana enquanto ambos estavam presos. A Justiça também determinou recentemente sua transferência para um presídio federal, a pedido do MPPI, que alegou que ele continuava comandando atividades criminosas de dentro da cadeia.

Vereadora em liberdade

Na sexta-feira (10), o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) revogou a prisão domiciliar da vereadora Tatiana Medeiros. A decisão permite que a parlamentar retorne às atividades na Câmara Municipal de Teresina (CMT) já na próxima segunda-feira (13 de outubro), mas ela deverá cumprir um rigoroso pacote de medidas cautelares.

Tatiana Medeiros estava presa desde o dia 3 de abril de 2025, quando cumpriu mandado de prisão preventiva. A acusação, formulada pela Polícia Federal, é de que sua campanha eleitoral, que a elegeu vereadora em outubro de 2024, foi financiada com recursos de uma facção criminosa. Em junho, ela havia sido transferida para a prisão domiciliar devido a problemas de saúde.

Ao decidir pela revogação da prisão, o juiz José Maria de Araújo Costa argumentou que a manutenção da segregação da vereadora configurava um “constrangimento ilegal”. O magistrado destacou em seu despacho que as provas que embasaram a prisão preventiva inicial estão sob questionamento judicial. “A paciente já se encontra em segregação há mais de seis meses e, no atual estágio, há dúvida quanto à licitude das provas que embasaram sua prisão”, escreveu.

Com a nova decisão, o andamento do processo permanece suspenso temporariamente, e a prisão foi substituída por restrições específicas. Mas a liberdade da vereadora não será plena. O TRE-PI impôs algumas medidas cautelares, com prazo de 90 dias. Se descumprir uma dessas medidas volta para a prisão.

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