
Donald Trump endureceu o comércio com o Brasil ao anunciar tarifas de até 50% , mas sinalizou um possível recuo estratégico. Uma extensa lista de exceções comerciais e declarações de abertura ao diálogo indicam que Washington pode estar disposto a negociar com Brasília em troca de concessões políticas.
Ao elevar as tarifas, o presidente dos Estados Unidos incluiu aproximadamente 700 isenções, cerca de 36% a 45% das exportações brasileiras, excluindo setores como aeroespacial (Embraer), minério de ferro e suco de laranja, ainda que manteve alíquotas contra produtos como café e carne bovina. Embora o aumento tarifário seja punitivo, o gesto é interpretado como uma flexibilização negociável. Além disso, Trump afirmou recentemente que pretende “conversar com Lula em algum momento, mas não agora”, o que abre margem para um diálogo futuro.
Blefe político?
Fontes do governo brasileiro avaliam que o tarifaço pode ser um blefe político, com o intuito de pressionar o Brasil a recuar em posturas associadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à aliança com os países do BRICS. Por isso, embora mantenha uma postura firme de reciprocidade, o governo Lula trabalha nos bastidores com articulação diplomática, buscando preservar a soberania institucional.
Mesmo com a perspectiva de recuo, a tarifa de 50% permanece prevista para entrar em vigor em 6 de agosto, conforme versões mais recentes. Não está descartada nova prorrogação, como já ocorreu com outros países como México e União Europeia.
Enquanto isso, o governo brasileiro atua em medidas emergenciais para mitigar os impactos, como linhas de crédito e apoio direto a empresas afetadas. Também acionou formalmente a Organização Mundial do Comércio (OMC) e ativou a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando retaliações equivalentes caso as tarifas se concretizem sem acordo.
No plano diplomático, a expectativa é de que o Brasil seja formalmente chamado para negociação nos próximos dias. Por ora, a mensagem da Casa Branca foi clara: o caminho para a revisão tarifária está aberto, mas condicionado ao que Trump classifica como “ações corretivas” contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes. O governo Lula mantém cautela e reforça que qualquer entendimento dependerá do respeito à autonomia das instituições brasileiras.
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Fonte: Revista Forum