
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, revelou em delação premiada que o general da reserva Walter Braga Netto teria repassado dinheiro, em uma sacola de vinho, para financiar uma ação de “neutralização” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e do presidente Lula (PT).
A declaração faz parte da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (18), que acusa Bolsonaro, Braga Netto, Cid e outras 32 pessoas de organização criminosa, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PGR, dias após Braga Netto entregar os valores, os militares Rafael Oliveira e Hélio Lima iniciaram o monitoramento de Moraes. Como evidência, a denúncia cita o depoimento de Cid sobre uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022, na casa de Braga Netto, onde foram discutidas “a necessidade de ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social”.
A intenção, segundo Cid, era criar condições para que Bolsonaro assinasse um decreto de estado de defesa, estado de sítio ou “algo semelhante”.
A denúncia aponta que os diálogos mantidos após a reunião indicam a aprovação do plano, inclusive o repasse de recursos por Braga Netto. Em 14 de novembro, Rafael Oliveira perguntou a Cid: “Alguma novidade?”, e acrescentou: “Vibração máxima! Recurso zero!”.
No dia seguinte, Oliveira teria enviado um documento nomeado “Copa 2022”, que, segundo a PGR, detalhava o plano contra Moraes.
Cid relatou que a questão financeira já havia sido discutida e pediu uma estimativa de custos para a operação. O montante, segundo ele, veio diretamente de Braga Netto.
“Alguns dias depois, o Coronel De Oliveira esteve em reunião com o colaborador e o General Braga Netto no Palácio do Planalto ou da Alvorada, onde o General Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. O dinheiro foi entregue em uma sacola de vinho. O General Braga Netto afirmou, à época, que o valor havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, declarou Cid.
Para a PGR, os eventos que se seguiram confirmam que a operação visava à “neutralização” do ministro Alexandre de Moraes. Poucos dias depois do repasse, Rafael Oliveira e Hélio Lima passaram a monitorar o ministro.
“Isso está retratado nos extratos de Estação Rádio Base (ERB), que registram que, entre os dias 21.11.2022 e 23.11.2022, os dois militares se dirigiram da cidade de Goiânia para as áreas de Brasília frequentadas habitualmente pelo Ministro Alexandre de Moraes, como sua residência funcional e o Supremo Tribunal Federal. Operavam as primeiras ações de reconhecimento”, afirma a denúncia.
Fonte: Diário do Centro do Mundo