Brasil

TENTATIVA DE GOLPE

Dinheiro para matar Lula e Moraes foi entregue por Braga Netto em sacola de vinho

Investigação expõe tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito com apoio de militares e políticos

Da Redação

Quarta - 19/02/2025 às 12:04



Foto: Reprodução General da reserva Walter Braga Netto, acusado pela PGR de envolvimento na tentativa de golpe de Estado
General da reserva Walter Braga Netto, acusado pela PGR de envolvimento na tentativa de golpe de Estado

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, revelou em delação premiada que o general da reserva Walter Braga Netto teria repassado dinheiro, em uma sacola de vinho, para financiar uma ação de “neutralização” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e do presidente Lula (PT).

A declaração faz parte da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (18), que acusa Bolsonaro, Braga Netto, Cid e outras 32 pessoas de organização criminosa, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Segundo a PGR, dias após Braga Netto entregar os valores, os militares Rafael Oliveira e Hélio Lima iniciaram o monitoramento de Moraes. Como evidência, a denúncia cita o depoimento de Cid sobre uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022, na casa de Braga Netto, onde foram discutidas “a necessidade de ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social”.

A intenção, segundo Cid, era criar condições para que Bolsonaro assinasse um decreto de estado de defesa, estado de sítio ou “algo semelhante”.

A denúncia aponta que os diálogos mantidos após a reunião indicam a aprovação do plano, inclusive o repasse de recursos por Braga Netto. Em 14 de novembro, Rafael Oliveira perguntou a Cid: “Alguma novidade?”, e acrescentou: “Vibração máxima! Recurso zero!”.

No dia seguinte, Oliveira teria enviado um documento nomeado “Copa 2022”, que, segundo a PGR, detalhava o plano contra Moraes.

Cid relatou que a questão financeira já havia sido discutida e pediu uma estimativa de custos para a operação. O montante, segundo ele, veio diretamente de Braga Netto.

“Alguns dias depois, o Coronel De Oliveira esteve em reunião com o colaborador e o General Braga Netto no Palácio do Planalto ou da Alvorada, onde o General Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. O dinheiro foi entregue em uma sacola de vinho. O General Braga Netto afirmou, à época, que o valor havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, declarou Cid.

Para a PGR, os eventos que se seguiram confirmam que a operação visava à “neutralização” do ministro Alexandre de Moraes. Poucos dias depois do repasse, Rafael Oliveira e Hélio Lima passaram a monitorar o ministro.

“Isso está retratado nos extratos de Estação Rádio Base (ERB), que registram que, entre os dias 21.11.2022 e 23.11.2022, os dois militares se dirigiram da cidade de Goiânia para as áreas de Brasília frequentadas habitualmente pelo Ministro Alexandre de Moraes, como sua residência funcional e o Supremo Tribunal Federal. Operavam as primeiras ações de reconhecimento”, afirma a denúncia.

Fonte: Diário do Centro do Mundo

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