
O estado do Piauí abriga 7.378 indígenas, pertencentes a cinco etnias, espalhados por sete municípios — com maior presença em Piripiri e Lagoa de São Francisco, segundo o IBGE. Em homenagem à diversidade e à cultura desses povos, o Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes, no centro de Teresina, espera receber muitos visitantes durante a 22ª Semana dos Povos Indígenas, que começa nesta terça-feira (15). O tema do evento este ano é: “Povos indígenas: os guardiões da Terra”.
A diretora do museu, Dora Medeiros, reforça o convite à população, destacando a importância de valorizar a ancestralidade e o papel fundamental dos povos indígenas na formação do Brasil.
Protagonismo dos povos originários no Piauí
Os povos indígenas são fundamentais para a história e cultura do estado, principalmente na agricultura familiar. Em abril deste ano, o Piauí se tornou o primeiro estado do Brasil a implantar o PAA Indígena — um programa que compra a produção agrícola das comunidades indígenas e destina os alimentos a instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade.
A educação também tem recebido atenção especial. A Secretaria Estadual de Educação possui uma diretoria específica para cuidar da Educação Escolar Indígena e Quilombola, com ações voltadas para a formação de professores e currículos adaptados à realidade dessas comunidades.
CETI Oka Ka Inaminanoko: escola feita por e para os indígenas
Um exemplo dessa valorização é o CETI Oka Ka Inaminanoko, uma escola de tempo integral criada no bairro Planalto Bela Vista, em Teresina. A unidade atende 120 alunos das etnias Warao e Guajajara e tem um currículo pensado para preservar a cultura e a história dos povos indígenas, além de incentivar o empreendedorismo e o ensino técnico.
A diretora da escola, Aline Heira, destaca a importância do espaço: “É uma escola construída com base nas nossas necessidades, com alimentação adaptada, ensino de qualidade e respeito à nossa identidade.” Uma das conquistas foi a aprovação da jovem Hayra Guajajara no curso de Direito da UFPI.
EJA Warao: alfabetização em três línguas
Outro projeto importante é o EJA Warao, que oferece aulas de alfabetização para 80 indígenas em Teresina, em português, espanhol e warao — língua nativa dos Warao, grupo indígena originário da Venezuela. Um dos alunos, Yovini Eulálio Torres Blanco, destacou como a iniciativa ajuda a aprender novas línguas e, ao mesmo tempo, valoriza sua cultura.
Museu dos Povos Indígenas do Piauí: guardião da memória ancestral
Criado em 2016 pela própria comunidade, o Museu dos Povos Indígenas do Piauí – Anízia Maria (MUPI), em Lagoa de São Francisco, se tornou um importante espaço de preservação cultural. Inicialmente voltado para as etnias Tabajara e Tapuio Itamaraty, o museu agora representa também os Kariri, Warao, Guajajara, Akroá Gamela, Gueguês e outros grupos.
Com apoio do Siec (Sistema Estadual de Incentivo à Cultura), o museu ganhou um novo espaço em 2023 e hoje guarda objetos tradicionais, promove oficinas e celebrações, fortalecendo a memória e a identidade indígena.
Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes: cultura indígena em destaque
No centro de Teresina, o Museu do Piauí possui a Sala da Cultura Indígena, um dos pontos mais visitados por estudantes, pesquisadores e turistas. Aberto de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, e aos sábados, das 8h às 12h, o local abriga fósseis, ferramentas indígenas antigas, instrumentos musicais, urnas funerárias e réplicas de pinturas rupestres.
O espaço destaca a importância dos povos indígenas na história do Piauí e do Brasil, e convida o público a refletir sobre suas culturas, saberes e resistências.
Fonte: CCOM/PI