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COMANDO DA CBF

​Ednaldo Rodrigues desiste da CBF, exalta gestão e diz sair para pacificar o futebol

Afastado por decisão judicial, dirigente abre mão da presidência e deseja sorte a Samir Xaud

Da Redação

Terça - 20/05/2025 às 10:59



Foto: Staff Images/CBF Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF por irregularidades processuais
Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF por irregularidades processuais

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) viverá um novo capítulo em sua tumultuada história recente. Ednaldo Rodrigues, afastado da presidência por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), anunciou nesta segunda-feira (20) que não seguirá tentando reassumir o comando da entidade. A desistência do recurso que tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF) foi protocolada por ele próprio, encerrando oficialmente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7580 — processo que o mantinha no cargo desde 2023.

O movimento, segundo Ednaldo, tem como objetivo "pacificar" o futebol brasileiro e preservar a sua vida pessoal, abalada por disputas internas e pressões externas. Em petição enviada ao STF, ele reforçou que não participará das eleições convocadas pelo interventor da CBF e não apoiará nenhum candidato, desejando “sucesso e boa sorte” a Samir Xaud, candidato único e favorito à presidência.

"Requer, movido pelo profundo desejo de restaurar a paz no futebol brasileiro e, sobretudo, a serenidade de sua própria vida familiar, que tem sido abalada por equívocos públicos, interpretações distorcidas e insinuações injustas, maledicentes e criminosas, orquestradas e coordenadas por diversos grupos, que nunca se contentaram com o fato de o futebol brasileiro ter rompido com oligarquias e de passar a ter transparência e governança", diz trecho da petição assinada por Ednaldo.

Apesar do desfecho conturbado, Ednaldo aproveitou a ocasião para fazer um balanço positivo de sua gestão. Ele citou a receita recorde de R$ 1,5 bilhão e o superávit de R$ 107 milhões em 2024 como marcas de sua administração. Além disso, destacou a renovação do contrato com a Nike até 2038 — estimado em até R$ 1 bilhão por ano — e a contratação do técnico Carlo Ancelotti, considerado um marco para a Seleção Brasileira.

Ainda que tenha obtido respaldo técnico e financeiro, o dirigente afirma que o cenário judicial e político tornou sua permanência insustentável. “Mesmo diante dos resultados expressivos de gestão, o futebol brasileiro precisa ser pacificado. Essa desistência também é uma forma de proteger minha família, que tem sido exposta injustamente a ataques e pressões orquestradas”, justificou.

Novas eleições

A eleição para a presidência da CBF está mantida para o próximo sábado (25), na sede da entidade, no Rio de Janeiro. A Assembleia Geral Eleitoral está marcada para as 10h30, com possibilidade de participação remota — uma solução encontrada pela comissão eleitoral para não interferir na rodada do Campeonato Brasileiro marcada para o mesmo dia.

Samir Xaud é o nome favorito para assumir o comando da CBF, após o afastamento de Ednaldo Rodrigues - Reprodução/CBF

Com a retirada de Ednaldo, a eleição deve confirmar o nome de Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF). Ele obteve o apoio de 25 federações estaduais, inviabilizando qualquer concorrência — inclusive a de Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol (FPF), que não conseguiu o número mínimo de federações para registrar candidatura.

Crise na CBF

A decisão de Ednaldo foi tomada poucos dias após o TJ-RJ determinar seu afastamento com base em suspeitas de falsificação de assinaturano acordo que havia validado sua permanência à frente da CBF. A assinatura contestada seria a de Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, então vice-presidente da entidade.

Uma perícia anexada ao processo levantou dúvidas sobre a autenticidade do documento. Nunes, de 86 anos, sofre de um tumor cerebral e cardiopatia grave, além de apresentar, segundo laudo médico da própria CBF, déficit cognitivo relevante após cirurgia realizada em 2023. A partir dessas informações, o tribunal entendeu que a assinatura poderia não ter sido feita por ele, o que desestabilizou o acordo anterior homologado pelo STF.

Na tentativa de se manter no cargo, Ednaldo havia recorrido ao Supremo na quinta-feira (16). No domingo, o ministro Gilmar Mendes — relator do caso — chegou a convocar a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para opinar sobre o tema. Com a desistência, a análise não será mais necessária. Gilmar é alvo de críticas por suposto conflito de interesses, já que é sócio do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que mantém contratos com a CBF Academy.

A saída de Ednaldo Rodrigues marca o encerramento de um dos períodos mais turbulentos da história recente da CBF. Com disputas jurídicas, mudanças de comando e críticas à condução política da entidade, o futebol brasileiro passa agora por um novo processo de transição, com a expectativa de maior estabilidade administrativa.

A expectativa é que Samir Xaud, se confirmado, inicie sua gestão com a promessa de reconstruir a credibilidade da CBF e recuperar o prestígio do futebol nacional em um cenário ainda permeado por desconfianças e heranças de um ciclo instável.

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