O professor Gil Kairós, diretor de articulação de políticas públicas da Secretaria de Relações Sociais do Governo do Estado, destacou em entrevista ao portal Piauí Hoje os avanços trazidos pelo Papa Francisco à a, mas também apontou os desafios enfrentados pelo pontífice, incluindo críticas e até manifestações de ódio nas redes sociais.
Desde o início de seu pontificado, em 2013, o Papa Francisco tem sido um líder global na defesa da justiça social, dos direitos humanos e da paz. Kairós destacou que, em 13 anos, Francisco trouxe credibilidade à Igreja Católica ao enfrentar problemas históricos, como a corrupção no Vaticano e os casos de pedofilia envolvendo membros do clero.
"Ele mexeu em questões crônicas, como a corrupção e a pedofilia, criando protocolos de responsabilização. Isso deu uma nova credibilidade à Igreja", afirmou Kairós. Além disso, o Papa tem promovido uma Igreja sinodal, mais aberta e participativa, retomando valores da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que foram marginalizadas durante os pontificados de João Paulo II e Bento XVI.
Críticas e ódio nas redes sociais
Apesar de seu legado progressista, Francisco tem enfrentado resistência, especialmente de setores conservadores da Igreja e de cristãos que discordam de suas posições. Kairós citou manifestações nas redes sociais, onde algumas pessoas chegaram a desejar a morte do Papa, que enfrenta sérios problemas de saúde.
"Isso é abominável. Ver cristãos desejando a morte de um líder que só pensa no bem reflete o individualismo e a falta de empatia da sociedade atual", lamentou. Ele comparou essa situação com o caso do padre Fábio de Melo, que também sofreu ataques nas redes sociais por parte de pessoas que se dizem cristãs.
A Teoria da Libertação e a influência do Papa
Gil Kairós destacou que o pontificado de Francisco tem sido um respiro para as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e para a Teologia da Libertação, que foram fundamentais na formação de movimentos sociais e pastorais, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Pastoral da Mulher Marginalizada.
"O Papa Francisco retomou o processo de libertação da fé, dando esperança e um campo fértil para a evangelização", afirmou. Ele também lembrou que as CEBs tiveram papel crucial na criação de partidos políticos, como o Partido dos Trabalhadores (PT), e na luta contra o trabalho escravo e a marginalização.
Apesar dos avanços, Kairós reconhece que o conservadorismo ainda é forte dentro da Igreja. "A formação de padres e bispos é um processo de longo prazo. Não basta nomear novos líderes; é preciso mudar a mentalidade", explicou. Ele citou o exemplo de Dom Sérgio da Rocha, cardeal primaz de Salvador, que costuma dizer: "A Igreja de Deus a gente planta e rega, mas quem faz crescer é o Espírito Santo".
Fé e política: uma relação necessária
Kairós também defendeu a importância da escola de fé e política, iniciativa que busca formar cristãos conscientes de seu papel na sociedade. "Tudo é política. Desde o surgimento da Igreja, a política está presente. Jesus foi um prisioneiro político, e se não participarmos da política, outros o farão por nós", afirmou.
O pontificado de Francisco tem sido marcado por avanços significativos, mas também por desafios que refletem as divisões dentro da Igreja e da sociedade. Enquanto o Papa continua a promover uma mensagem de inclusão e justiça, a resistência de setores conservadores e a polarização nas redes sociais mostram que a luta por uma Igreja mais aberta e solidária está longe de terminar.
Gil Kairós, Luiz Brandão e Marília Lélis no estúdio do portal Piauí Hoje Entrevista
Acesse o link abaixo e assista a entrevista completa com Gil Kairós.
Siga nas redes sociais
