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CONEXÃO CULTURA

Especialista defende uso medicinal da cannabis e diz que proibição é por preconceito

Jamila Rocha destaca propriedades terapêuticas da planta e condena proibição histórica baseada em interesses econômicos e racismo estrutural

Da Redação

Quarta - 04/06/2025 às 15:26



Foto: Pedro Sávio Jamila Rocha e Gilson Caland gravando Podcast no estúdio do portal Piauí Hoje
Jamila Rocha e Gilson Caland gravando Podcast no estúdio do portal Piauí Hoje

Na segunda-feira passada (02.06), o professor Gilson Caland estreou o programa "Conexão Cultura" no canal do Portal Piauí Hoje no YouTube, abordando um tema polêmico e necessário: o uso medicinal da cannabis. Com apresentação descontraída e comprometida com a cultura piauiense, o programa promete trazer semanalmente debates sobre assuntos relevantes, sempre às segundas-feiras, das 19h às 20h. 

Na primeira edição, a convidada especial foi a enfermeira Jamila Rocha, especialista em cannabis medicinal, que desvendou mitos, explicou a história da proibição da planta e destacou seus benefícios terapêuticos. "Cannabis Medicinal é uma lanta criminalizada por Interesses econômicos e preconceito", disse Jamila logo na entrada.

Jamila Rocha iniciou sua fala desconstruindo o preconceito histórico contra a maconha, lembrando que a proibição no Brasil foi uma cópia da política antidrogas dos EUA, baseada em conflitos industriais e racismo.

Ele explicou que quem trouxe a cannabis para o Brasil foram os colonizadores portugueses, que usavam o cânhamo (subespécie da cannabis) para fabricar cordas, velas e tecidos. "No início a planta era cultivada em larga escala, especialmente no Maranhão, e depois levada para o Paraguai", explicou Jamila.

A enfermeira informou que a cannabis foi proibida nos EUA porque ameaçava indústrias como a farmacêutica, do petróleo, do álcool e do tabaco. Segundo ela, um estudo fraudulento, que associou a planta à morte de neurônios (sem considerar a falta de oxigênio nos testes), serviu de justificativa para a proibição.

No Brasil a proibição da cannabis teve um ingrediente a mais: o racismo. 'No Brasil, fumar maconha era associado a negros, pobres e capoeiristas, enquanto o uso por brancos de classe média era tolerado", destacou a enfermeira.

Propriedades e eficácia terapêuticas

A cannabis contém mais de 140 canabinoides, sendo os mais estudados o CBD (canabidiol), THC (tetraidrocanabinol), CBG (canabigerol) e CBN (canabinol). Jamila explicou que a planta age no sistema endocanabinoide, responsável por regular funções vitais como sono, apetite, humor e imunidade. 

Doenças que podem ser tratadas com cannabis

- Epilepsia (redução de crises em até 80% dos casos)  
- Ansiedade e depressão 
- Dor crônica (incluindo fibromialgia e esclerose múltipla)  
- Parkinson e Alzheimer (neuroproteção)

- Câncer (alívio de náuseas da quimioterapia e potencial antitumoral)  
- Autismo (melhora na comunicação e redução de comportamentos repetitivos).

A cannabis medicinal pelo mundo

No Brasil, mais de 100 mil pacientes já usam cannabis medicinal, segundo a ANVISA. Países como Canadá, Israel e Alemanha lideram pesquisas e regulamentação.

A seguir, a lista dos 10 países que mais usam cannabis medicinal

1. Canadá (legalizada desde 2001)  
2. Israel (referência em pesquisas)  
3. Alemanha (maior mercado da Europa)
4. Estados Unidos (legal em 38 estados)  
5. Holanda (uso tolerado desde os anos 70)  
6. Uruguai (primeiro país a legalizar)  
7. Austrália (acesso via prescrição)  
8. Colômbia (cultivo regulamentado)  
9. Portugal (descriminalização desde 2001)  
10. Reino Unido (CBD liberado)

 Educação e regulamentação

Jamila Rocha reforçou que a legalização deve vir acompanhada de regulamentação e informação. "Não se trata de liberar indiscriminadamente, mas de garantir acesso seguro e combater o preconceito com ciência", afirmou.

A enfermeira também aconselha jovens a não formar maconha e para tratamento com a cannabis medicinal é preciso indicação médica e de especialistas. Pelas explicōes de Jamila, pode se deduzir que maconha é para velhos, porque renova os neurônios. "Mas a cannabis medicinal é para todas as idades", diz Jamila.

CONEXÃO CULTURA - O programa Conexão Cultura segue as Segundas-Feiras, às 19h, no YouTube do Portal Piauí Hoje, trazendo debates sobre cultura, saúde e sociedade.

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