Brasil

MEDIDA CAUTELAR

​​STF discute endurecer regras para apreensão de passaportes após fuga de Carla Zambelli

Ministros avaliam retenção do documento antes do julgamento final para evitar novas evasões do país

Da Redação com informações do Brasil 247

Sexta - 06/06/2025 às 09:47



Foto: Agência Brasil Carla Zambelli fugiu para Itália para evitar prisão no Brasil
Carla Zambelli fugiu para Itália para evitar prisão no Brasil

A fuga da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para o exterior alertou o Supremo Tribunal Federal (STF) a pauta sobre a necessidade de adotar medidas mais rigorosas para impedir que investigados e condenados por participação na tentativa de golpe de Estado deixem o Brasil antes de cumprir suas penas.  A parlamentar saiu do país justamente na véspera do julgamento do último recurso que restava contra sua condenação, marcado para esta sexta-feira, 6 de junho.

Diante do episódio, ministros da Corte discutem alternativas para reforçar o controle sobre investigados em fases anteriores à condenação definitiva. Entre as possibilidades consideradas está a apreensão de passaportes durante a instrução criminal, etapa atual de diversos processos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Outra medida em estudo seria reter o documento logo após a condenação em primeira ou segunda instância, mesmo que ainda caiba recurso, fase em que o réu geralmente responde em liberdade.

O caso de Zambelli é emblemático justamente por ter ocorrido nesse intervalo entre a condenação e o trânsito em julgado, quando a pena ainda não é definitiva, mas o risco de evasão se torna mais palpável. A expectativa no STF era de que, com a rejeição do recurso, a prisão fosse decretada de forma imediata.

Apesar do alerta aceso com a saída da deputada, o entendimento sobre a retenção antecipada de passaportes não é unânime entre os ministros. Uma ala da Corte avalia que a medida deve ser adotada com cautela, já que a Constituição Federal assegura o direito de ir e vir aos cidadãos brasileiros. Além disso, a presunção de inocência garante que ninguém seja considerado culpado até que se esgotem todos os recursos legais, ou seja, até o trânsito em julgado da sentença.

Segundo essa visão, a retenção do passaporte só poderia ser determinada como medida cautelar, nos moldes do que prevê o Código de Processo Penal, se houver indícios claros e objetivos de intenção de fuga por parte do réu. Afinidades políticas ou a relação com figuras investigadas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não seriam argumentos válidos por si só.

Embora Bolsonaro seja citado em processos que investigam a tentativa de golpe e apontado como um dos líderes da trama, fontes do STF informaram à CNN Brasil que, até esta quinta-feira (5), o ex-presidente não apresenta sinais concretos de tentativa de evasão e tem sua movimentação acompanhada de perto.

O episódio envolvendo Zambelli, no entanto, já acendeu o sinal de alerta entre investigadores e membros do Judiciário. A avaliação interna é de que, se não houver mudança de postura, novas fugas podem ocorrer, comprometendo o andamento dos processos e o cumprimento das decisões judiciais.

O STF não se manifestou oficialmente sobre o episódio até o fechamento desta reportagem, mas ministros confirmaram que o debate sobre novas medidas preventivas será aprofundado nos próximos dias. A expectativa é que o caso Zambelli acelere as discussões sobre o uso de medidas cautelares mais rígidas em processos que envolvem crimes contra o Estado democrático de direito.

Fonte: Brasil 247

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