
Investigadores da Polícia Federal (PF) afirmaram que as provas obtidas no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado são mais sólidas do que a própria delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi feita após a defesa dos investigados tentar anular o acordo de colaboração, alegando contradições nos depoimentos de Cid.
Apesar da ofensiva jurídica, rejeitada de forma unânime pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux deixou em aberto a possibilidade de reavaliar a questão na fase de ação penal, dada a inconsistência nos depoimentos de Cid durante o processo.
Segundo a PF, a insistência dos advogados em desqualificar a colaboração de Cid não é casual, mas uma estratégia para tentar desconsiderar o conjunto probatório. Para os investigadores, Cid não apenas confirmou várias teses da investigação, mas também revelou pontos até então desconhecidos. A delação de Cid teve controvérsias, incluindo acusações de omissão de informações importantes, como o possível envolvimento do general Walter Braga Netto nos planos de ruptura institucional.
Nesta quarta-feira (26), o STF retoma o julgamento que decidirá se os oito investigados no "núcleo duro" do plano golpista se tornarão réus. A expectativa é que a denúncia seja confirmada por unanimidade, iniciando a ação penal contra os acusados.
Na sessão de terça-feira (25), o Supremo já rejeitou recursos das defesas, que buscavam anular a delação, transferir o caso para outra turma da Corte e alegar cerceamento de defesa. O julgamento sobre o recebimento da denúncia foi adiado para o dia seguinte.
Jair Bolsonaro esteve presente na sessão da Primeira Turma do STF, tentando marcar uma posição política, mas foi alvo direto das declarações do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. Moraes refutou a narrativa de que pessoas como "velhinhas com a Bíblia na mão" estariam sendo injustamente condenadas e apresentou números das condenações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023.
Até o momento, 497 pessoas foram condenadas por envolvimento nos atos golpistas, com penas que variam entre um ano e mais de 17 anos de prisão. Entre os condenados, 32% são mulheres e 68% são homens, com a maioria estando na faixa etária de até 59 anos. Moraes usou esses dados para desmentir tentativas de minimizar a gravidade dos atos antidemocráticos, muitos dos quais promovidos por figuras públicas que agora enfrentam a Justiça.
Fonte: Brasil 247