
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta terça-feira (13) que os Estados Unidos desempenharam um papel fundamental na prevenção de um golpe no Brasil, que estava sendo articulado por setores militares para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. A declaração foi feita durante um evento em Nova York, organizado pelo Lide, grupo de empresários liderado pelo ex-governador de São Paulo, João Doria.
Barroso explicou que a resistência dos militares brasileiros em ir contra os Estados Unidos foi crucial para impedir a tentativa de golpe. Segundo ele, os militares não queriam "se indispor" com os americanos, já que é dos EUA que eles obtêm recursos e equipamentos, o que influenciou a decisão de não apoiar a ação golpista. "Acho que isso teve algum papel, porque os militares brasileiros não gostam de se indispor com os Estados Unidos, porque é aqui que obtêm os seus custos e os seus equipamentos", declarou Barroso.
O ministro também destacou o apoio dos Estados Unidos à institucionalidade e à democracia brasileira em momentos críticos. Ele lembrou que, quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), solicitou diversas vezes o apoio explícito dos EUA para fortalecer o processo democrático no Brasil. "Eu mesmo, como presidente do TSE, estive com o encarregado de negócios americano em várias oportunidades, e em três delas pedi declarações dos Estados Unidos de apoio à democracia brasileira, uma delas do próprio Departamento de Estado", disse Barroso.
A influência americana nesse contexto já havia sido mencionada em junho de 2023 pelo jornal britânico Financial Times. A publicação revelou que os EUA exerceram uma "pressão silenciosa" sobre generais brasileiros e aliados de Bolsonaro para evitar um golpe. Segundo o jornal, o governo americano enfatizou sua neutralidade em relação ao resultado das eleições, mas deixou claro que não toleraria qualquer tentativa de questionar o processo eleitoral ou seu resultado.
Fonte: Brasil 247