A vida e os ensinamentos de Jesus Cristo são marcados por uma profunda gratuidade e um amor incondicional. Através de suas ações, gestos e palavras, Ele nos mostra o caminho para uma vida plena e significativa, baseada no serviço desinteressado ao próximo e na construção de uma comunidade fraterna.
Os evangelhos nos apresentam inúmeros exemplos da gratuidade ativa de Jesus. Ele curava os enfermos, alimentava as multidões famintas e acolhia os marginalizados, sem exigir nada em troca e sem discriminar ninguém. Seus milagres socorriam os mais necessitados e apontavam sinais do que seria o seu Reino, o Reino de amor gratuito, onde todos eram irmãos e filhos adotivos de um mesmo Pai, o próprio Pai de Jesus.
Um dos momentos mais emblemáticos e tocantes da vida de Jesus é a cena do Lava-pés, durante a última ceia. Neste episódio, Jesus assume o papel de servo e lava os pés dos seus discípulos, deixando claro sua maior lição: o amor como serviço gratuito pelo bem dos outros, pelo bem da comunidade fraterna, pela construção do Reino de Deus, o Reino de Amor em plenitude!
Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus rompe com as hierarquias e convenções sociais da época, mostrando que o verdadeiro líder é aquele que serve, que se coloca no lugar do outro e age com humildade e compaixão. Ele nos ensina que devemos estar dispostos a servir uns aos outros, independentemente de nossa posição ou status social.
Mas o ensinamento de Jesus vai além do gesto simbólico do Lava-pés. Durante a mesma ceia, Ele anuncia o mandamento do amor gratuito, que completa e aprofunda o significado da lição anterior. Jesus nos convida a amar uns aos outros assim como Ele nos amou, com uma gratuidade total, doando a própria vida pelos amigos e irmãos.
É importante destacar a novidade desse mandamento: não há nele uma referência explícita ao amor a Deus ou ao "amar ao próximo como a si mesmo". A medida do amor aqui é o modo como Jesus amou, com uma entrega total e desinteressada. E Jesus amou como seu Pai o amou, revelando assim a essência do próprio Deus.
Para amar como Jesus amou, precisamos da participação do seu Espírito de amor em nós. “Para amar-vos como me amais, ser-me-ia preciso vosso próprio amor” – escreveu Teresa de Lisieux em seu Manuscrito A. "Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo 4, 16). E Paulo, na carta aos Romanos, complementa: "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5).
Portanto, o Lava-pés e o mandamento do amor gratuito nos revelam a essência do ensinamento de Jesus e nos convidam a uma vida de serviço e doação ao próximo. Ao seguirmos o exemplo de Cristo e permitirmos que o seu Espírito de amor habite em nós, seremos capazes de construir uma comunidade fraterna, baseada na gratuidade, na compaixão e no cuidado mútuo.
Por outro lado, vivemos em uma sociedade marcada pelo individualismo, pela competitividade e pela busca incessante por sucesso e reconhecimento pessoal. Neste contexto, o chamado de Jesus para o amor gratuito e o serviço desinteressado pode parecer utópico ou até mesmo ingênuo. No entanto, é justamente neste mundo tão carente de compaixão e solidariedade que o testemunho cristão se faz mais necessário e urgente.
Amar gratuitamente significa ir além dos nossos interesses pessoais e das nossas zonas de conforto. Significa estar atento às necessidades do outro, especialmente dos mais vulneráveis e marginalizados, e agir concretamente para aliviá-las. Significa abrir mão de privilégios e status em nome da igualdade e da fraternidade. Significa perdoar as ofensas, acolher os diferentes e construir pontes de diálogo e cooperação.
Tudo isso pode parecer muito difícil e até mesmo impossível, mas é exatamente para essa vida de amor e serviço que Jesus nos chama e oferta o seu Amor Pleno. Ele não nos pede nada que Ele mesmo não tenha vivido e testemunhado. Ao contrário, Ele nos dá o seu próprio exemplo e a força do seu Espírito amoroso para que possamos segui-lo no caminho da gratuidade e da doação.
Portanto, o chamado de Jesus para o amor gratuito não é uma utopia distante, mas um convite concreto e atual para transformarmos a nossa vida e o mundo ao nosso redor. Cada gesto de compaixão, cada atitude de serviço aos mais necessitados, cada palavra de acolhimento e perdão, por menor que seja, é uma semente do Reino de Deus que germina e frutifica, construindo uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
Que o exemplo de Jesus no Lava-pés, símbolo/gesto do seu mandamento do Amor gratuito, nos inspirem e nos fortaleçam neste caminho de doação e serviço. Que possamos, com a graça de Deus, testemunhar a alegria e a beleza de uma vida pautada pela gratuidade, pelo amor incondicional e pela construção aqui de um mundo mais humano e fraterno na busca do Reino do Amor Gratuito!