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O entorno verde da cidade

A zona urbana de Salvador é de 197 quilômetros, o que corresponde a 28,4% do território do município soteropolitano.

Alvaro o Mota

Sexta - 14/03/2025 às 15:01



Foto: Divulgação Ponto Turístico em Teresina
Ponto Turístico em Teresina

Durante o recesso do carnaval, um dado me chamou atenção: Teresina é a capital do Nordeste com maior área territorial, com 1.392 quilômetros quadrados de área. Salvador, segunda mais populosa das capitais nordestinas (2,568 milhões de moradores) tem área de 693 quilômetros quadrados; Fortaleza, a primeira em população, com 2,574 milhões de habitantes, tem área territorial 50% menor que a capital baiana: 312 quilômetros quadrados.

A zona urbana de Salvador é de 197 quilômetros, o que corresponde a 28,4% do território do município soteropolitano. Fortaleza tem 253 quilômetros quadrados, o que corresponde a 80% da área total do município.

Em Teresina, a área urbana 172 quilômetros quadrados, ocupa somente 12,4% de todo o território do município – ou seja, todo o resto (1.220 quilômetros quadrados) é zona rural, o que significa termos um grande entorno verde – um diferencial que certamente impacta em qualidade de vida, algo, contudo, a merecer uma devida métrica.

Se pensarmos em termos de região metropolitana, Teresina é exceção à maioria das capitais brasileiras, porque a junção das 14 cidades que formam a Rede Integrada de Desenvolvimento Grande Teresina (Ride), apenas uma está conturbada com a capital do Piauí, a cidade de Timon, sendo todas as demais com população abaixo de 50 mil moradores. Ou seja, se expandirmos nosso olhar, vamos enxergar que o entorno verde de Teresina não é somente grande, é gigantesco.

Esse é um diferencial que já deveria ter chamado a atenção do poder público e de empresários: há uma grande possibilidade de se explorar todas essas extensões de matas e terras agricultáveis já abertas para investimentos que podem ir de exploração agropecuária e agroflorestal a ecoturismo e turismo rural.

É necessário que se faça justiça a iniciativas empresariais que pegam carona na abundância natural do gigantesco entorno verde de Teresina. Abrem-se restaurantes, sítios para lazer por temporada, locais de hospedagem e balneários privados em alguns dos municípios da Ride. Já existe quem se deu conta de que nessa área de 10.978 quilômetros quadrados e quase 1,2 milhão de moradores há muito o que se fazer em se tratando de negócios e, mais que isso, de negócios focados em sustentabilidade.

É realmente inspirador e bom que haja possibilidades de atrair e fazer investimentos em uma área que corresponde a quase o tamanho do Líbano ou a quase metade do território de Sergipe e na qual moram 1,2 milhão de pessoas.

Uma região que tem três grandes rios (Parnaíba, Poti e Longá), dezenas de outros cursos d’água, centenas, talvez milhares de nascentes; cachoeiras temporárias; áreas de mata nativa ainda preservadas; uma Floresta Nacional, a de Palmares, no município de Altos; uma oferta de ativos florestais e com potencial para atividades como a criação de abelhas sem ferrão, a produção de plantas tropicais ornamentais; a produção de peixe e aves – setores em que a Ride se destaca.

Esse é um diferencial que precisa ser marcante para Teresina – a cidade cujo entorno pode produzir seus melhores alimentos e até exportar excedentes futuros. Mas isso não como um desejo somente e sim como um projeto bem desenhado, negociado com empresários e comunidades que há anos ocupam espaços rurais e tiram deles seus sustentos. É cabível, sim, pensar Teresina como ela de fato o é: a capital interiorana, verde e cheia de vida no coração do Nordeste.

Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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