Filosofia de Vida

Filosofia de Vida

FILOSOFIA DE VIDA

Transtornos de Personalidade Dramática: Um Mundo Centrado no “Eu”

O Filtro Egocêntrico da Realidade

Fabiano de Abreu

Domingo - 29/12/2024 às 09:46



Foto: jcomp/Freepik Cérebro
Cérebro

Pessoas com transtornos de personalidade dramática, como o histriônico e o narcisista, vivem em uma realidade onde o “eu” é o centro absoluto. Esse foco constante em si mesmas não é meramente uma expressão de egoísmo ou desinteresse, mas uma dinâmica complexa que reflete o funcionamento psicológico e emocional dessas personalidades. Elas interagem com o mundo através de um filtro que prioriza exclusivamente o que reforça sua imagem, validação e controle.

A Centralidade do “Eu” e a Visão Limitada do Mundo

Indivíduos com esses transtornos frequentemente deixam o mundo ao seu redor em segundo plano. Para eles, o que não contribui diretamente para suas necessidades emocionais ou status é simplesmente ignorado.

No caso do transtorno histriônico, por exemplo, a busca incessante por atenção pode consumir toda a energia do indivíduo, deixando questões práticas, como uma casa desarrumada ou um ambiente caótico, completamente fora de sua percepção. Tudo gira em torno de manter o foco alheio sobre si, mesmo que isso signifique negligenciar responsabilidades básicas.

Por outro lado, o narcisista, com sua visão inflada de autoimportância, também não percebe ou não dá relevância ao que acontece fora do seu universo pessoal. Uma favela próxima, a desordem na casa do vizinho ou até problemas mais amplos da sociedade só entram em seu radar se afetarem diretamente sua imagem ou status. Esse comportamento reflete uma desconexão quase automática de tudo que não contribui para seu senso de controle ou superioridade.

O Filtro Egocêntrico da Realidade

O mundo desses indivíduos é interpretado através de um filtro egocêntrico, que prioriza exclusivamente o que alimenta suas necessidades emocionais. No histriônico, esse filtro é guiado pela necessidade constante de aprovação e validação externas. É como se tudo ao redor fosse irrelevante, exceto aquilo que reforça sua sensação de ser importante.

No narcisista, a dinâmica é mais rígida: sua visão grandiosa de si mesmo os torna incapazes de enxergar ou de valorizar o que não serve a seus objetivos. A favela ao lado, o caos na casa de outra pessoa ou mesmo a bagunça no próprio lar são ignorados porque não se encaixam no que consideram relevante para sua identidade ou narrativa pessoal.

Impactos no Comportamento e na Relação com o Ambiente

Essa percepção limitada da realidade pode levar a uma desconexão com o mundo exterior. Um indivíduo histriônico pode viver no meio do caos sem percebê-lo, contanto que continue sendo o centro das atenções. Já o narcisista, mesmo diante de problemas estruturais ou sociais evidentes, só tomará uma atitude se perceber que isso interfere diretamente na sua imagem ou no controle que exerce sobre o ambiente.

Essa falta de atenção ao que é externo frequentemente causa estranhamento em amigos, familiares e pessoas próximas. “Como alguém não percebe o estado de sua própria casa?” ou “Por que ele não reage à favela que está ao lado?” são perguntas comuns que ilustram a dificuldade de compreender como essas personalidades priorizam unicamente o que reforça sua percepção de si mesmos.

O Desafio de Expandir a Percepção

Lidar com essas personalidades requer estratégias que promovam a expansão da sua percepção. No caso do histriônico, é importante trabalhar formas de validação que não dependam exclusivamente do olhar alheio. Para o narcisista, o desafio está em ajudar a reconhecer o valor do que está além de sua esfera pessoal, sem que isso seja visto como uma ameaça ao seu senso de controle.

Conclusão: Para Além do “Eu”

Transtornos de personalidade dramática, como o histriônico e o narcisista, moldam uma visão de mundo profundamente centrada no “eu”. O ambiente externo, por mais evidente que seja, é filtrado e ignorado se não reforçar sua imagem, necessidades emocionais ou status.

Compreender essa dinâmica é crucial para criar estratégias que incentivem esses indivíduos a enxergar além de si mesmos, conectando-se mais profundamente com a realidade compartilhada. Afinal, a verdadeira evolução não está apenas no reflexo do próprio “eu”, mas na capacidade de interagir, compreender e valorizar o que está ao redor.

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu

Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências; Mestre em Psicologia; Mestre em Psicanálise com formações em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filósofo, Jornalista, Especialização em Programação em Python, Inteligência Artificial e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latinoamericanos; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador cientista na Universidad Santander de México, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da FENS, Federação Européia de Neurociências; Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.
Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: