Saúde

BRUMADINHO

Estudo detecta presença de metais na urina de crianças em Brumadinho

Percentual de arsênio passou de 42% em 2021 para 57% em 2023

Da Redação

Sábado - 25/01/2025 às 09:00



Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil Brumadinho
Brumadinho

Crianças de até 6 anos foram avaliadas em um estudo da Fiocruz Minas e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre os efeitos do desastre causado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, que completa seis anos neste sábado (25). Os resultados mostram aumento na presença de metais na urina dessas crianças entre 2021 e 2023.

Metais como cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês foram detectados em todas as amostras analisadas. A quantidade de crianças com níveis de arsênio acima do recomendado subiu de 42%, em 2021, para 57%, em 2023, sendo que nas áreas mais próximas à lama ou à mineração ativa o aumento foi ainda maior.

O estudo acompanha os participantes desde 2021, com análises anuais para observar mudanças em médio e longo prazo. Nos adultos e adolescentes, também houve presença significativa de arsênio, com cerca de 20% dos adultos e 9% dos adolescentes apresentando níveis acima do normal, variando de acordo com a região de moradia.

Exposição prolongada aos metais
Embora os níveis de alguns metais, como manganês, tenham diminuído entre 2021 e 2023, arsênio e chumbo ainda apresentam altos percentuais de detecção. Isso mostra que a população segue exposta de forma ampla e constante, mesmo com pequenas quedas nos valores registrados.

Os pesquisadores alertam que os resultados apontam para exposição, mas não necessariamente para intoxicação, que só pode ser confirmada por exames e avaliação médica. Eles recomendam que os participantes com níveis elevados procurem atendimento médico e que a rede de saúde local seja fortalecida para atender a demanda crescente.

Condições de saúde geral
O estudo também avaliou como a população percebe sua própria saúde. A maioria dos adultos e adolescentes avaliou a saúde como boa ou muito boa em 2021 e 2023, mas a percepção negativa foi maior nas áreas mais atingidas pela lama ou com mineração ativa.

Entre os adolescentes, doenças como asma ou bronquite asmática passaram de 12,7%, em 2021, para 14%, em 2023. Problemas como colesterol alto e doenças pulmonares também aumentaram, assim como o diagnóstico de diabetes entre os adultos, que subiu de 8,7% para 10,7%.

Os adultos relataram sintomas como irritação nasal, cãibras e tosse seca, que aumentaram em frequência entre 2021 e 2023. Já entre as crianças, houve melhora no desenvolvimento neuromotor, cognitivo e emocional, possivelmente ligada ao retorno das atividades escolares após a pandemia.

Saúde mental e busca por serviços de saúde
A saúde mental da população também foi analisada. Casos de depressão, ansiedade e dificuldade para dormir se mantiveram elevados entre 2021 e 2023, especialmente entre adultos. Problemas de sono em adultos aumentaram de 26,7% para 35,1% no período.

Houve maior procura por consultas médicas no período, especialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que foi apontado como principal referência para atendimento. O número de pessoas com planos de saúde também aumentou, passando de 34,9% para 39,8% entre os adultos.

Ação da Vale e recomendações
A Vale afirmou que analisou os sedimentos e solos na região e não encontrou concentrações de metais acima dos limites legais. A empresa destacou projetos em saúde realizados no município, como o fortalecimento da Atenção Básica e o fornecimento de equipamentos para unidades de saúde.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de estratégias integradas entre saúde e educação para melhorar o bem-estar da população de Brumadinho. Eles destacam que os impactos ambientais e de saúde persistem e exigem ações contínuas para minimizar os danos.

Fonte: Agência Brasil

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