O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), anunciou que apresentará ao presidente Lula (PT) uma série de medidas para proteger os beneficiários do Bolsa Família do vício em apostas online, as populares "bets". Entre as medidas propostas está a implementação de um "limite zero" para o uso do cartão do programa em sites de apostas e a substituição do titular do benefício caso ele se endivide e deixe de garantir a segurança alimentar de sua família.
“Não podemos demonizar o programa. Ele retirou mais de 24 milhões de pessoas da situação de pobreza, mas precisamos proteger os beneficiários do vício do jogo”, afirmou o ministro.
Segundo o ministro, a proposta é que o cartão do Bolsa Família, que funciona como um cartão de débito, tenha o uso proibido para pagamento de apostas.
Wellington Dias destacou que já existem alguns limites de gastos para evitar desvios de finalidade, e a intenção é incluir a proibição de jogos, sem interferir na liberdade das famílias que possuem outras fontes de renda.
Entretanto, dentro do governo, existe uma divisão sobre a proposta. Alguns assessores do presidente Lula argumentam que o governo não deve interferir na privacidade das famílias. Ainda assim, há consenso sobre a necessidade de proibir o uso de cartões de crédito pelo risco de endividamento, uma medida prevista para janeiro, mas que pode ser antecipada.
O cruzamento de dados possibilitado pela obrigatoriedade de registro de CPF em apostas desde agosto permite ao governo identificar se os beneficiários do Bolsa Família estão usando o dinheiro do programa em jogos. “Se isso estiver ocorrendo, poderemos mudar o titular do programa”, explicou Dias.
Além disso, o Ministério da Saúde está desenvolvendo um programa de tratamento para pessoas com compulsão por jogos, em parceria com a ministra Nísia Trindade. O objetivo é detectar esses casos durante o acompanhamento familiar nos Centros de Atenção à Saúde. A reunião com o presidente Lula para discutir o tema, prevista para quarta-feira (2), também discutirá a publicidade dos sites de apostas. A ideia é restringir anúncios que incentivem a compulsão por jogos, semelhante às campanhas de conscientização feitas contra o cigarro.
“Vamos mudar a publicidade, como uma campanha educativa, e não deixar que as pessoas sejam empurradas para a compulsão”, concluiu Wellington Dias.
Fonte: Brasil 247