O sistema de saúde de Teresina ainda é pressionado pelo atendimento de pacientes de outras cidades, sem qualquer compensação financeira. Em entrevista ao Podcast Piauí Hoje, o prefeito eleito Silvio Mendes destacou o impacto dessa demanda sobre os serviços locais e os indicadores de saúde, como a mortalidade infantil, agravada por registros de óbitos de crianças que não residem na capital.
Com uma audiência marcada com a ministra da Saúde nos próximos dias, Silvio Mendes reforçou que a busca por parcerias e por um maior equilíbrio na gestão da saúde será uma prioridade de sua administração. "Não podemos administrar a prefeitura sem ter cooperação do Estado também. É impossível", concluiu.
Ele destacou que, apesar do esforço financeiro feito pela prefeitura, a sobrecarga impede que a capital invista em outras áreas essenciais, como educação, infraestrutura e saneamento básico. "Teresina tem uma despesa com saúde da ordem de 35% de todas as receitas dela. É mais do dobro do que a lei manda, que é 15%", lembrou.
O prefeito eleito também chamou atenção para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), que atende mais pacientes vindos de outras cidades do que moradores da capital. Ele diz que essa situação esgota os recursos locais e prejudica a imagem da saúde municipal.
Mendes citou a taxa de mortalidade infantil como exemplo do impacto dessa sobrecarga. Embora tenha havido avanços nas últimas décadas, com uma redução de quase 30 para 17 mortes a cada mil nascidos vivos, os números estagnaram. Ele explicou que quase metade das crianças que morrem em Teresina não são da cidade, mas os óbitos são registrados como locais pelo IBGE.
Além de buscar cooperação com o governo federal e estadual para aliviar o peso financeiro da saúde, Mendes também pretende adotar medidas para reduzir despesas locais com a saúde. Uma das propostas é permitir que motocicletas circulem nas faixas exclusivas de ônibus, com o objetivo de diminuir os acidentes envolvendo motos, que representam 80% das ocorrências no trânsito. "No dia 2 de janeiro, eu baixo decreto porque você tem não só o acidente em si. Você compromete também a previdência social e aumenta a despesa".
Confira a entrevista na íntegra: