
Um vídeo com trechos da audiência de custódia de Leandro da Silva Sousa, acusado de assassinar o delegado Márcio Mendes Silveira, de 51 anos, tem causado indignação e polêmica nas redes sociais. O magistrado responsável pelo ato judicial insistiu em questionar o acusado sobre possíveis maus-tratos, mesmo diante de um laudo pericial que descartou tortura e atestou que as lesões eram compatíveis com fuga em mata fechada.
O delegado Márcio Mendes, titular do 4º Distrito Policial de Caxias (MA), foi morto a tiros na quarta-feira da semana passada (10.07) durante uma operação policial em São João do Sóter (MA). Dois investigadores que o acompanhavam também foram baleados, mas já se recuperam. Mendes era reconhecido por seu trabalho incansável no combate ao crime organizado, especialmente contra o tráfico de drogas na região de Caxias.
A Associação dos Delegados do Maranhão (Adepol-MA) emitiu nota classificando o assassinato como um "ato covarde" e exigindo respostas rigorosas das autoridades.
A audiência
Durante a audiência, o juiz repetidamente perguntou a Leandro da Silva Sousa:
- "Foi agredido?"
- "Sofreu maus-tratos?"
- "Consegue identificar quem lhe bateu?"
A postura do magistrado, que não mencionou o delegado assassinado nem os policiais feridos, gerou críticas. Internautas questionam:
- "Por que o criminoso é tratado como vítima, e quem protegia a sociedade é esquecido?"
- "Até quando a Justiça priorizará bandidos em vez de quem defende a lei?"
"É necessário que os juizes procurem conduzir a audiência de forma que não restem brechas no inquérito e no processo para beneficiar o acusado é ele venha ser colocado em liberdade por erro na condução do devido processo legal. Mas os magistrados não podem esquecer as vítimas e suas famílias", diz um especialista em Direito Penal no Piauí.
Direitos humanos e o combate ao crime
É dever do Estado garantir os direitos fundamentais de qualquer acusado, incluindo a proibição de tortura. No entanto, a sociedade cobra coerência: quando um criminoso violento é o centro das atenções, enquanto agentes públicos mortos são deixados em segundo plano, algo está errado no sistema.
"Não se trata de querer vingança, mas de justiça. Quem mata um delegado não pode sair da audiência como coitado", destacou um policial ao Piauí Hoje, repetindo o que disseram centenas de usuário nas redes.
O caso expõe a urgência de um debate nacional: como conciliar a proteção dos direitos humanos com o respeito aos que arriscam a vida pela segurança pública?
"Se matar um delegado não for suficiente para indignar a Justiça, talvez seja o próprio sistema que precise de revisão", diz um especialista em segurança pública.
Veja trechos do vídeo
Fonte: Vídeo da audiência