O México enfrenta uma grave e violenta crise de desaparecimentos, com mais de 116 mil casos registrados oficialmente. Diante da ineficácia estatal, emerge o movimento das "Madres Buscadoras", mulheres que decidiram tomar a frente na busca por seus filhos, irmãos e parentes desaparecidos, vasculhando florestas, rios, cemitérios clandestinos e terrenos abandonados.
Desde 2011, muitas mães mexicanas decidiram não esperar mais por respostas do Estado. A mobilização cresceu com a "Marcha de la Dignidad Nacional", realizada tradicionalmente no 10 de maio, data do Dia das Mães, com o lema “nada que festejar”.
Organizadas em redes, grupos e coletivos como as “Madres Buscadoras de Sonora” ou a coalizão “Movimiento por Nuestros Desaparecidos en México”, elas aprenderam técnicas de busca, preencheram relatórios, foram a hospitais, presídios, às margens de estradas e navegaram por labirintos burocráticos para criar visibilidade a uma tragédia ignorada.
Essa coragem tem um custo altíssimo. Diversas “buscadoras” enfrentam hostilidade institucional, ameaças de violência, intimidações e, em muitos casos, foram assassinadas por exercerem essa luta. Pelo menos 27 mulheres morreram entre 2010 e abril de 2025 por causa dessa busca. A vulnerabilidade estrutural e a impunidade agravam o sofrimento.
O lema que resume a atuação do movimento é “Las madres llegarán a la verdad”, expressão que representa a confiança na capacidade dessas mulheres de avançar nas investigações diante da ineficiência estatal. Já “Las madres siempre encuentran” ou “A mamãe sempre encontra” destaca que o processo de busca é contínuo, independente de protocolos oficiais. A mobilização coletiva transforma casos individuais em uma agenda comum: as integrantes realizam escavações, levantam informações e atuam de forma cooperativa, ampliando o alcance das buscas em nome de todos os desaparecidos.