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Manuscritos bíblicos podem ser mais antigos do que se pensava; entenda

Estudo usando inteligência artificial mostrou que os pergaminhos podem ser até 100 anos mais velhos do que as primeiras datações mostraram

Da Redação

Terça - 10/06/2025 às 09:30



Foto: Roy Porat via Getty Images A análise de IA de fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto sugere que alguns dos manuscritos antigos são até 100 anos mais antigos do que se pensava
A análise de IA de fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto sugere que alguns dos manuscritos antigos são até 100 anos mais antigos do que se pensava

Uma nova análise científica indica que parte dos Manuscritos do Mar Morto, considerados um dos achados arqueológicos mais importantes do século XX, pode ser até 100 anos mais antiga do que se pensava. O estudo, publicado na quarta-feira (5) na revista PLOS One, combinou datação por radiocarbono com inteligência artificial e sugere que alguns textos bíblicos datam de cerca de 2.300 anos atrás.

Os manuscritos, descobertos por acaso em 1947 por pastores beduínos no deserto da Judeia, foram encontrados em 11 cavernas próximas ao sítio arqueológico de Khirbat Qumran, na atual Cisjordânia. Desde então, arqueólogos recuperaram milhares de fragmentos pertencentes a cerca de 1.000 manuscritos, incluindo mais de 200 cópias do Antigo Testamento, as mais antigas já encontradas.

A nova pesquisa foi conduzida por Mladen Popović, professor da Universidade de Groningen, na Holanda, e utilizou dois métodos. Primeiro, a equipe aplicou técnicas modernas de datação por carbono-14 em 30 manuscritos. A maioria mostrou ser mais antiga do que estimativas anteriores, feitas nos anos 1990. Em seguida, imagens de alta resolução desses documentos serviram para treinar uma inteligência artificial batizada de Enoch, que foi capaz de estimar a idade de outros manuscritos com 85% de precisão.

Segundo Popović, manuscritos como os que contêm versículos dos livros de Daniel e Eclesiastes foram reavaliados e considerados até um século mais antigos. A nova datação coloca os documentos mais próximos do período de vida de seus autores originais, o que pode alterar interpretações históricas e ampliar o conhecimento sobre a circulação desses textos.

Estudos anteriores não haviam considerado a presença de contaminantes modernos, como óleo de mamona usado para restaurar os pergaminhos nos anos 1950, o que pode ter distorcido os resultados das primeiras análises por radiocarbono.

A IA Enoch foi aplicada a 135 manuscritos ainda não datados por carbono, e forneceu estimativas consideradas realistas em 79% dos casos. Para especialistas, o método representa um possível avanço na forma de datar manuscritos antigos, especialmente por evitar a destruição parcial dos materiais, necessária no processo de radiocarbono.

Pesquisadores que não participaram do estudo consideraram os resultados promissores, embora ressaltem que a inteligência artificial ainda não substitui totalmente os métodos tradicionais. A expectativa é que o Enoch possa futuramente ser usado em outros idiomas antigos, como grego, árabe e latim, ampliando seu impacto na pesquisa histórica e arqueológica.

Fonte: Com informações da CNN

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