
Os protestos contra as políticas migratórias do ex-presidente Donald Trump, que começaram na última sexta-feira (6) em Los Angeles, continuam ganhando força e se alastraram por diversas cidades dos Estados Unidos nos últimos dias. As manifestações, que têm reunido milhares de pessoas, foram registradas em Nova York, São Francisco, Seattle, Dallas, Atlanta e Louisville. Em meio à onda de mobilização nacional, a repressão se intensificou: somente em São Francisco, pelo menos 150 manifestantes foram presos, segundo informações da rede CNN.
Em Los Angeles, epicentro inicial dos atos, o clima permanece tenso desde o fim de semana. Apesar dos confrontos com agentes da Guarda Nacional enviados por Trump no domingo (8), centenas de manifestantes voltaram às ruas nas últimas 48 horas. Empunhando bandeiras dos Estados Unidos e do México, os protestos têm ocorrido de forma pacífica até o momento, com os manifestantes denunciando o que chamam de medidas “ilegais” da atual administração.
A presença militar, no entanto, deve aumentar nos próximos dias. Em comunicado divulgado na segunda-feira (9), o Comando Norte americano informou que 700 fuzileiros navais serão enviados a Los Angeles como reforço, enquanto a cidade aguarda a chegada de um segundo batalhão da Guarda Nacional, também mobilizado por ordem de Trump.
Somente em São Francisco, pelo menos 150 manifestantes foram presos - Reprodução/ANSA / Ansa - Brasil
A movimentação do governo federal foi duramente criticada pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom. Em publicação feita na noite de segunda-feira na plataforma X (antigo Twitter), ele denunciou a precariedade da operação militar já em curso. “Acabei de ser informado de que Trump está enviando mais 2 mil soldados da Guarda Nacional para Los Angeles. Sem comida ou água. Apenas cerca de 300 estão mobilizados; o restante está parado em prédios federais sem ordens”, escreveu.
O governador também questionou os reais objetivos da medida. “Não se trata de segurança pública. Se trata de inflar o ego de um presidente perigoso. Isso é imprudente. É desnecessário. E é desrespeitoso com nossas tropas”, afirmou.
As manifestações ocorrem em meio ao endurecimento das ações migratórias do governo Trump, que tem adotado medidas mais severas na tentativa de conter a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul dos Estados Unidos. Entre as políticas mais criticadas estão as deportações aceleradas e a militarização das áreas fronteiriças.
Na avaliação de organizações de direitos civis e entidades pró-imigrantes, a resposta do governo tem provocado um “estado de exceção” em algumas regiões, além de estimular ações arbitrárias por parte das forças federais. O clima de instabilidade e repressão reacende a tensão entre o governo federal e as administrações estaduais, especialmente em estados governados por democratas, como a Califórnia.
Com os protestos se intensificando e a atuação militar ampliada, a expectativa é de que os próximos dias sejam decisivos na escalada da crise migratória e política nos Estados Unidos.