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CONDENAÇÃO

Justiça condena Nego Di a mais de 11 anos de prisão por estelionato

Influenciador e sócio vendiam produtos com preços baixos, mas não entregavam as mercadorias

Da Redação com informações da Justiça do RS e da CNN Brasil

Quarta - 11/06/2025 às 08:45



Foto: Redes sociais Nego Di: luxo e riqueza com golpes e estelionato
Nego Di: luxo e riqueza com golpes e estelionato

A Justiça do Rio Grande do Sul condenou o humorista e influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, a 11 anos e 11 meses de prisão por crimes de estelionato cometidos por meio da loja virtual "Tadizuera". A sentença, publicada nessa terça-feira (10), também alcança o empresário Anderson Bonetti, apontado como sócio do esquema fraudulento. A decisão se refere a 16 vítimas da cidade de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas a Polícia Civil estima que o número total de pessoas lesadas ultrapasse 370.

Segundo o processo, os réus anunciavam produtos como televisores, celulares e aparelhos de ar-condicionado com valores bem abaixo do mercado, mas os itens nunca eram entregues aos compradores. A loja, batizada de "Tadizuera", atraía vítimas com promoções agressivas e prazos de entrega estendidos, supostamente de até 50 dias. A tática, de acordo com as investigações, era usada para ganhar tempo e ampliar o número de vendas antes que os consumidores percebessem o golpe.

A juíza responsável pela sentença considerou comprovada a participação ativa de Nego Di no esquema. Vídeos analisados pela polícia mostram o influenciador debochando da situação, como em um registro dentro de um carro de luxo, no qual diz: “Ninguém mandou comprar televisão”, “ninguém mandou comprar ar-condicionado” e “olha a TV aí”. Em outro momento, durante a gravação de um podcast, ele ironiza: “Lancei uma promoção”, confirmando a propriedade da loja e, em tom de escárnio, justifica a não entrega dos produtos afirmando: “Usuário não encontrado”.

Reincidente penal

Apesar da condenação, Nego Di responde ao processo em liberdade provisória desde novembro do ano passado, quando deixou a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), após passar quatro meses preso preventivamente. Ao sair, declarou apenas: “Deus é o maior”. O momento foi amplamente compartilhado nas redes sociais.

Pouco após a soltura, a então advogada do influenciador, Tatiana Borsa, publicou uma foto comemorativa ao lado do cliente com a legenda: “Como esperamos para postar este retrato”. A imagem foi apagada pouco depois, mas motivou uma advertência da Justiça. Em despacho, o Judiciário destacou que “cabe a ele zelar pelo efetivo cumprimento das condições impostas na decisão judicial que deferiu, liminarmente, a sua liberdade provisória”.

Atualmente

Nego Di reside na cidade de Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis (SC). A mudança foi autorizada judicialmente em dezembro do ano passado. Durante a apuração, a Polícia Civil teve acesso a mensagens enviadas pelo influenciador a algumas vítimas. Em um dos trechos, ele afirma que “a loja era dele”, mas que, no processo de entrega, “acabou tendo um problema, justificando a demora”.

Uma das vítimas relatou à polícia que, em 2022, adquiriu dois celulares e alguns aparelhos de ar-condicionado, acumulando prejuízo de R$ 30 mil. Segundo ela, o golpe foi construído com entregas iniciais realizadas de forma pontual, o que gerou uma falsa sensação de segurança. A estratégia aumentou a confiança do público e impulsionou o volume de vendas fraudulentas.

A quebra de sigilo bancário de Nego Di revelou movimentações superiores a R$ 300 mil em curto período, reforçando os indícios da prática de estelionato em larga escala.

Procurada após a condenação, a advogada de Nego Di, Camila Kersch, afirmou que irá recorrer da decisão. “Irá interpor todos os recursos cabíveis contra a condenação”, disse. Ela também declarou estar confiante de que instâncias superiores irão “reavaliar o caso e reconhecer os vícios processuais, além do comportamento de Dilson ao longo do processo”.

A defesa de Anderson Bonetti não se manifestou até o momento.

Fonte: Justiça do RS e CNN Brasil

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