O Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) compartilhou os resultados do setor em 2024, destacando um crescimento de 3,9% nas vendas, que totalizaram 64,7 milhões de toneladas. Esse aumento de 2 milhões de toneladas em relação a 2023 é um reflexo positivo para a indústria, após dois anos consecutivos de quedas.
A região Norte foi a que apresentou o maior crescimento percentual, com um aumento de 10%. No entanto, esse mercado ainda representa uma pequena parte do total nacional, cerca de 10% do que é consumido pelo Sudeste, que teve uma alta mais modesta de 2,8%. Embora o cenário geral tenha sido favorável, as condições climáticas extremas, como inundações no Rio Grande do Sul e secas no Centro-Oeste, afetaram as vendas em algumas regiões.
Este desempenho ocorre após dois anos de retrações no setor, com quedas de 2,8% em 2022 e 0,89% em 2023. O volume atual de vendas continua abaixo dos números de 2014, quando o Brasil alcançou 73 milhões de toneladas de cimento, impulsionado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), que levou a grandes investimentos em infraestrutura antes da crise econômica que afetou o setor.
O sindicato aponta que o resultado positivo de 2024 é devido a fatores como a recuperação do mercado de trabalho, com o aumento da massa salarial, e o aquecimento do mercado imobiliário, especialmente com a retomada de obras do programa Minha Casa, Minha Vida. Apesar disso, o setor ainda enfrenta desafios, como as taxas de juros elevadas, o custo crescente da mão de obra e o alto nível de endividamento e inadimplência das famílias.
Além disso, o SNIC expressou preocupação com a redução dos recursos para financiamento habitacional, que afeta a compra de novos imóveis e as pequenas reformas. O sindicato destaca que vendas no varejo representam mais de 50% do total de vendas de cimento, e a diminuição do poder de compra das famílias pode impactar ainda mais o setor.
A demora na liberação de recursos do PAC, que sofreu cortes no orçamento, também foi mencionada como uma preocupação, além das incertezas trazidas pela flutuação do preço do dólar. O mercado externo, especialmente o dólar, exerce influência significativa sobre os custos da construção civil e os investimentos em infraestrutura. Nesse contexto, o SNIC defende a regulação do mercado de carbono no Brasil, o que ajudaria a diminuir o impacto das flutuações externas. A utilização de resíduos industriais como matéria-prima tem sido uma estratégia crescente no setor, pois ajuda a reduzir o uso de combustíveis fósseis nos fornos de produção de cimento.
O sindicato projeta um crescimento de 1% para o setor em 2025, baseado em investimentos previstos em habitação, saneamento e logística, com rodadas de concessões planejadas para o primeiro semestre do ano.
Fonte: Agência Brasil