Cidade

SERVIDORES PÚBLICOS

Sem reajuste há 12 anos, servidores de Teresina cobram negociação com prefeitura

Servidores municipais realizaram assembleia no Teatro de Arena, na manhã desta terça (20)

Lília Pâmela e Sol Castelo Branco

Terça - 20/05/2025 às 13:30



Foto: Reprodução Assembleia geral extraordinária no Teatro de Arena
Assembleia geral extraordinária no Teatro de Arena

Servidores públicos municipais de Teresina realizaram uma assembleia geral extraordinária nesta terça-feira (20) para cobrar da Prefeitura um reajuste salarial. Os vencimentos da categoria estão congelados há mais de 12 anos e, segundo os organizadores do ato, não há qualquer proposta oficial da administração municipal para correção dos valores. A assembleia aconteceu no Teatro de Arena, na Praça da Bandeira, Centro da capital.

Convocado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm), o encontro reuniu diversas categorias que denunciaram condições salariais consideradas críticas, como vencimentos abaixo do salário mínimo, falta de gratificações previstas em lei e ausência de negociação com a gestão do prefeito Silvio Mendes.

“O prefeito só fala de um suposto rombo, mas não explica o que é. Não nos recebe para apresentar dados, nem propõe nada. A data-base é maio, e até agora não houve anúncio de reajuste. Enquanto isso, há secretário do próprio governo envolvido em denúncia de R$ 44 milhões do Fundef. Esse dinheiro tem que voltar para os professores. A gente quer negociação para todos, inclusive para a Guarda Municipal, que não recebe adicional de risco de vida nem hierarquia, como manda a lei”, afirmou o coordenador geral do Sindserm, Sinésio Soares.

O sindicalista também destacou que outras categorias, como os profissionais do Laboratório Raul Bacelar, não recebem gratificações ou equiparações salariais. No caso dos auxiliares de saúde bucal, o vencimento básico é de R$ 982, valor inferior ao salário mínimo nacional. Segundo o sindicato, o valor só é completado com gratificações legais, como a de insalubridade, que não deveriam ser usadas para esse fim.

Aldenir Trajano, presidente da Comissão de Saúde Bucal, relatou que a precarização dos salários tem causado adoecimento entre os servidores. “Temos colegas doentes mentalmente, muitas tentando sair da profissão por falta de condições de vida. Recentemente perdemos uma servidora com mais de 20 anos de serviço. Essa situação é desumana”, disse.

Aldenir Trajano – presidente da Comissão de Saúde Bucal. Foto: Sol Castelo Branco

“Estamos indignadas. A prefeitura usa a gratificação de insalubridade, que é uma conquista nossa por lei, apenas para completar o salário mínimo”, afirmou Aldenir. Ela também destacou a desigualdade dentro das equipes de saúde. “Desempenhamos o mesmo trabalho que outros profissionais nas Unidades Básicas de Saúde, mas só a nossa categoria recebe menos. É desrespeitoso.”

Segundo ela, a sobrecarga e os baixos salários fazem com que muitas profissionais tenham que buscar outras ocupações para complementar a renda. “A maioria tem duas ou três jornadas de trabalho. Fazem serviços informais. Trabalhar na saúde pública virou uma luta diária para sobreviver”, completou.

A Guarda Municipal também está reivindicando melhorias, e iniciou o movimento "Guarda Legal" como forma de protesto. Os agentes estão se recusando a usar veículos com documentação vencida e não utilizam mais seus celulares pessoais para o trabalho. Também há denúncias de coletes vencidos e munições em condições inadequadas, o que, segundo os servidores, será levado à Polícia Federal.

De acordo com o Sindserm, uma reunião foi marcada com o vice-prefeito de Teresina para esta quarta-feira (21), especificamente sobre as demandas da Guarda Municipal. O sindicato espera que esse encontro possa abrir caminho para a negociação mais ampla das demais reivindicações das categorias.

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia:

<