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FORAGIDA INTERNACIONAL

Itália admite que não sabe onde está Carla Zambelli e cita atraso em alerta da Interpol

Governo italiano responde a parlamentar local e afirma que ainda busca localização da deputada brasileira, que chegou ao país antes da emissão do alerta vermelho

Da Redação com informações do Brasil 247

Sexta - 13/06/2025 às 08:46



Foto: Wagner Vilas/Enquadrar/Estadão Conteúdo Deputada Carla Zambelli (PL-SP), em imagem de arquivo
Deputada Carla Zambelli (PL-SP), em imagem de arquivo

O Ministério do Interior da Itália afirmou, nesta sexta-feira (13), que ainda não localizou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), alvo de um pedido de extradição feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após condenação a 10 anos de prisão. Segundo documento oficial enviado ao deputado italiano Angelo Bonelli, as autoridades policiais continuam tentando identificar o paradeiro da parlamentar, que desembarcou em Roma no dia 5 de junho.

De acordo com o governo italiano, "as investigações policiais realizadas até o momento e ainda em andamento não permitiram, no momento, identificar a localização da Sra. Zambelli". O Ministério também afirmou que “as atividades destinadas a localizá-la continuam, também por meio da cooperação policial internacional com as autoridades brasileiras”.

A resposta foi enviada após Bonelli questionar formalmente o governo da Itália sobre a presença de Zambelli no país e a ausência de medidas para sua detenção. O parlamentar é integrante da coalizão ambientalista Aliança Verdes e Esquerda (AVS) e pressionou o Ministério do Interior por explicações sobre o tratamento dado ao caso.

Em resposta, a pasta italiana informou que houve um “lapso de tempo” entre a chegada de Zambelli à capital e a emissão do alerta vermelho da Interpol. Segundo o ofício, esse intervalo impediu que a detenção fosse realizada no momento do desembarque. “O lapso de tempo entre a chegada da Sra. Zambelli e a divulgação da notificação da Interpol não permitiu que as autoridades policiais de fronteira italianas prosseguissem com a prisão, visto que, no momento da verificação, ela não possuía nenhum registro policial em território nacional e nenhuma prova desfavorável encontrada nos documentos”, diz o documento.

Contra tempos

A deputada federal licenciada chegou ao Aeroporto Internacional de Roma às 11h40 do dia 5 de junho, em um voo procedente de Miami, utilizando um passaporte italiano válido emitido pelo consulado do país em São Paulo. Segundo o governo da Itália, a verificação inicial feita com base na lista de passageiros não apontava qualquer restrição ao nome de Zambelli nas bases de dados policiais nacionais ou internacionais.

O alerta vermelho da Interpol, necessário para a prisão preventiva com fins de extradição, foi publicado apenas às 16h24 do mesmo dia e transmitido aos escritórios centrais da organização às 16h46, ou seja, mais de cinco horas após o desembarque da parlamentar.

O caso ganhou repercussão internacional após o STF confirmar a condenação de Carla Zambelli por envolvimento na invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de uso ilegal de armas de fogo e associação criminosa. A decisão determinou que a deputada cumpra pena em regime fechado, com perda do mandato e suspensão dos direitos políticos.

O governo italiano também respondeu a outro questionamento feito por Bonelli, relacionado à possível cidadania italiana do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus filhos. O Ministério do Interior esclareceu que Bolsonaro nunca solicitou o reconhecimento da cidadania italiana, mas confirmou que os filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro deram início ao processo de reconhecimento junto à Embaixada da Itália no Brasil.

De acordo com o comunicado, Flávio e Eduardo Bolsonaro foram reconhecidos oficialmente como cidadãos italianos em 2023, e Carlos Bolsonaro teve o reconhecimento aprovado neste ano, em 2024.

Enquanto o paradeiro de Zambelli segue incerto, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério da Justiça brasileiro aguardam um posicionamento oficial do governo italiano para avançar com o pedido de extradição. A deputada, até o momento, não se manifestou publicamente desde que teve a prisão decretada e deixou o Brasil.

Fonte: Brasil 247

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